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  05/07/2023 - por Welton Oda



Não suma (+) uma Sumaúma



 

 

Em Manaus, dentro da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), chama a atenção uma árvore em especial, por seu tamanho e beleza, uma sumaúma (Ceiba pentandra). Como de costume, a imensa árvore vive acompanhada por japiins (Cacicus sela), belas aves pretas, com manchas amarelas bem vivas e que faz belos ninhos, em formato de longos cestos pendentes, cuja silhueta parece uma grande gota.

 

Infelizmente, a árvore se assemelha à famosa prima d’O Pequeno Príncipe, isolada e única no planetinha estéril. Uma das semelhanças é física mesmo. A árvore do livro de Saint Exupery é um baobá, árvore africana (Adansonia digitata), espécie da mesma família (Malvaceae) da sumaúma. Aliás, no continente africano também existem, desde tempos imemoriais, a nossa personagem vegetal principal.

 

Por imemoriais, quero dizer há mais de 230 milhões de anos, quando todos os atuais continentes formavam um só bloco, o supercontinente Pangeia. A sumaúma também se distribui pelas Américas, sendo conhecida pelo povo do Caribe como “ceiba”, nome que originou o gênero desta árvore.

 

Embora sua presença possa parecer um grande privilégio, na verdade, indica que toda a floresta que a acompanhava foi derrubada, sendo sua dolorosa e solitária existência, a memória de um ecocídio, do extermínio recente de suas companheiras verdes e de outros seres vivos que garantiam sua plena saúde. O entorno desta árvore possui uma monocultura de grama e muitos prédios, concreto e mais concreto.

 

Melhor sorte teve sua irmã paraense, falecida recentemente, em fevereiro desse ano. Viveu acompanhada de três irmãs sumaúmas, foi amada e cuidada, num local conhecido como Centro Arquitetônico de Nazaré (CAN), no centro de Belém, onde era venerada, fotografada e zelada. Tanto que viveu, estima-se, por mais de 150 anos, como comprova a litogravura de Giuseppe Righini, de 1867, de nossa Mona Lisa vegetal.

A morte da sumaúma do CAN foi notícia na cidade, gerou grande comoção e até uma espécie de velório, ao qual compareceram seus inúmeros fãs, que fizeram questão de levar para casa um pedacinho dela que fosse.

E olha que essa idade toda da irmã paraense ainda é uma espécie de limitação física ao contexto da esterilidade ambiental urbana, pois outra de suas irmãs, esta da Floresta Nacional do Tapajós, tem idade estimada de mil anos.

As sumaúmas manauaras e todas as outras árvores de nossa cidade sobrevivem apesar da falta de amor e carinho que recebem por aqui. Há poucas sumaúmas em Manaus, apesar de termos um Parque melhor. Somos uma das cidades menos arborizadas do país, mas nada indica que a situação vai melhorar. Projeto de lei aprovado no mês passado, na Câmara Municipal de Manaus, pretende suprimir um pedaço de floresta para a construção de um posto de gasolina.

Além disso, nossa sumaúma da Ufam também corre o risco de receber mais cimento em seu entorno, com o anúncio do início de obras de construção de passarelas feito pela Prefeitura do Campus Universitário, na semana passada. A área em questão tem sido utilizada por muitos alunos, como uma agradável área de convívio, em que se descansa contemplando a imensa árvore, onde jogam vôlei, estudam, namoram.

Por isso, recomendo ao prefeito do Campus e ao Reitor Sylvio Puga, que conversem com nossa árvore, espécie de oráculo em diversas culturas ancestrais, em cujos vãos entre as raízes podemos acessar um portal para outra dimensão, perguntando o que nossa anciã gostaria de ter como companhia: jovens universitários que amam a natureza ou passarelas de concreto?

Eu, que amo Manaus, gostaria de viver numa cidade-floresta, com igarapés recuperados (e não assassinados, como no Prosamim), ruas, escolas e praças verdes. Não quero continuar a viver sobre o cemitério de uma floresta. Ações de arborização recente têm ocorrido. Há plantadores de árvores conhecidos, como o professor Marcelo Gordo (Ufam). Há esperança! Podemos mudar esse quadro. Convido o leitor a se juntar a essa luta. Vamos reflorestar nossa cidade?

*Welton Oda é professor de Biologia da Ufam e doutor em Educação Científica e Tecnológica

**O texto foi publicado originalmente no dia 03 de julho de 2023 no site norteemfoco.com.br







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