Em defesa da educação, a ADUA e o ANDES-SN criticaram a declaração do Ministro da Educação, Milton Ribeiro, de que a “universidade deveria ser para poucos”, feita durante entrevista ao programa “Sem censura”, na TV Brasil, na segunda-feira (9). Em nota de repúdio, o Sindicato Nacional afirmou que Ribeiro “não conhece a universidade pública no Brasil e está alinhado a um governo que está a serviço do grande capital, defendendo a meritocracia, na qual somente privilegiado(a)s podem ter acesso ao ensino superior”.
A ADUA também se manifestou sobre a declaração do ministro. O vice-presidente da ADUA e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Aldair Oliveira, afirmou que Ribeiro presta um desserviço ao Brasil e que seu posicionamento como ministro da educação é lamentável. “A ADUA tem a certeza de que a universidade deve ser pública, gratuita, socialmente referenciada e universal. O ministro (...) demonstra que está alinhado a uma concepção de universidade exclusivista, de não incorporação da minoria em defesa de uma transformação de uma realidade social e educacional”, afirmou em entrevista ao jornal A Crítica, nesta quarta-feira (11).
Na gestão de Jair Bolsonaro acontecem contínuos ataques à educação. Trata-se de uma manobra para justificar o aumento das privatizações, enriquecendo mais ainda os poderosos em detrimento à oferta de serviço para a classe mais pobre. O Brasil assiste ao desmonte da educação pública capitaneado por Jair Bolsonaro e seus aliados. São cortes nos orçamentos de universidades e instituições de fomento à pesquisa, assim como congelamento do salário de trabalhadores e trabalhadoras da educação.
Ainda na nota de repúdio sobre a declaração do ministro, o Sindicato Nacional afirmou que a entrevista de Milton Ribeiro demonstra o despreparo para cargo que ocupa. “Para justificar essa absurda afirmação, o ministro cita as pessoas formadas que viram ‘motoristas de aplicativo’ e/ou exercem outras atividades que não condizem com a formação universitária adquirida. Vamos esclarecer: a situação do(a)s formado(a)s que exercem atividades fora da sua área de formação não é culpa das universidades, do(a)s estudantes e ou do(a)s recém-formado(a)s. Essa situação é causada pela grande crise do capitalismo, que desacelerou a economia, empobreceu a população, e que se aprofundou ainda mais com a pandemia, e as políticas ultraneoliberais adotadas pelo governo", criticou o Sindicato Nacional.
Além da postura elitista, o discurso do ministro apresenta uma carga de preconceito sobre as instituições de ensino. É uma forma de desqualificar as instituições para criar uma cortina de fumaça e manter a agenda de desmonte da educação, através de reformas destrutivas como a reintrodução do “Reuni digital’, asfixia financeira da instituição, aprovação da Reforma Administrativa (PEC 32/2020) e ataque ao artigo 207 da Constituição Federal, que garante a autonomia pedagógica, financeira e administrativa das universidades.
“O conhecimento produzido nas universidades, institutos e Cefets sempre foi e será importante para a nossa sociedade, exemplo disso é o que foi feito durante toda a pandemia que estamos vivendo, com pesquisas em vacinas, testes e medicações, além de atendimento direto à população nos diversos Hospitais Universitários”, ressaltou o ANDES-SN na nota de repúdio.
A União Nacional do Estudantes (UNE) avaliou as palavras do ministro como absurdo, inadmissível, bizarro e um verdadeiro ataque a todas as esferas da educação brasileira. “Em menos de uma hora de entrevista o ministro atacou professores, reitores, cotistas, defendeu o agronegócio, deslegitimou as universidades e as graduações”, afirmou a organização.
Fontes: com informações do ANDES-SN, UNE e A Crítica.
Imagem: @iotticarlos
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