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  08/05/2023 - por José Alcimar de Oliveira





 

(...) sempre me movo em contradições dialéticas (Karl Marx)

 

               01. O dia é 05 de maio de 1818. Suspeita nenhuma havia de que a partir dessa data a matéria, cansada de tanta transcendência mistificada, entraria, enfim, em modo emancipatório e imanente de descompressão dialética, e daria ao mundo o maior entre todos os mestres da suspeita: Marx.

 

          02. A burguesia, parasitária e em ritmo de folgada e contínua ascensão, continuava eufórica e crente de que nada abalaria sua meteórica taxa de sucesso. Estava segura de que o controle material e ideológico sobre a classe trabalhadora jamais escaparia de seu férreo e crescente domínio.

 

          03. Movida pelo otimismo da razão instrumental, armada com os dispositivos da ciência e da técnica, a burguesia não dava lugar à dúvida.  Com insaciável ganância apoderava-se de forma infrene e veloz das duas formas de toda riqueza possível: a terra e o homem, dito no Capital de Marx.

 

          04. Com sua mão dita invisível, mente ociosa e mesquinha, a burguesia punha em marcha um esquema nunca visto de expropriação de vida, tempo e trabalho de mulheres, homens e crianças. Numa luta desigual, o mundo dos vivos proletários dobrava-se à arrogância da poderosa burguesia.

 

          05. Mas no meio do caminho da burguesia eis que aparece uma pedrinha feita de matéria histórica e dialética, que passa a incomodar sua pisada predatória.  E a pedrinha se fez pedra, sempre nutrida em seu devir pelo movimento da contradição e da práxis.

 

          06. Como no jogo dialético da história do ser social até as pedras se encontram, a pedrinha primeira, nascida em 05 de maio de 1818, já em estado de maturidade, encontra-se com outra pedrinha, também madura no devir da crítica, nascida em 28 de novembro de 1820:  Engels.  

 

          07. A pedra-Mouro fez parceria com a pedra-General. Desse encontro alegre e providencial para a classe trabalhadora nasceu a mais longa, crítica e fecunda parceria militante e intelectual já registrada pela história. Daí em diante nunca mais a burguesia pôde abstrair pesadelo ao seu leito de sono.

       

    * José Alcimar de Oliveira é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas, teólogo sem cátedra, filho do cruzamento dos rios Solimões (em Bela Vista, Manacapuru, AM) e Jaguaribe (em Jaguaruana, CE). Manaus, AM, cinco de maio de 2023, no dia do nascimento do Mouro de Trier.

 

Imagem: Getty Images

                   



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