Precisamos falar seriamente, uma vez que os donos dos meios de comunicação, os/as jornalistas assalariados/as e os/as apresentadores/as de programas de imbecilização não estão interessados em refletirem profundamente sobre os problemas e as questões que afligem a maioria da população brasileira há mais de quinhentos anos quando da implantação da cultura medieval portuguesa através da colonização do território brasileiro, financiado por capitalistas de países industriais da Europa.
Por isso, jornalistas, políticos, militares, policiais, professores, acadêmicos, empresários etc. gostam de brincar ou de imitar profissionais em suas fingidas áreas de atuação. Desse modo, vemos: 1) jornalistas entrevistando ministros, netos de ministros lacaios e serviçais da ditadura militar (1964-1985), pretendendo ensinar que as instituições sociais ou nacionais devem ser neutras e independentes; 2) políticos administrando as instituições políticas e sociais republicanas como se elas ainda pertencessem às capitanias hereditárias; 3) oficiais militares e policiais brincando de fazer guerra contra a população do país, tratando-a como inimiga da pátria, utilizando armas, fardas, quartéis e soldos financiados por essa população; 4) professores e acadêmicos (incluindo engenheiros e astronautas) brincando de curandeiros, fazendo de conta que estão fazendo ciência.
Daí, as discussões, debates e entrevistas promovidos pelos meios de comunicação nesse país eternamente colonizado (ou deitado eternamente) são primorosas construções de palavras e ideias espalhadas pelo vento, muitas vezes com citação de algum filósofo idealista alemão, apreciado por estudiosos elitistas luso-brasileiros que rejeitam conhecimentos elaborados por estudiosos da Renascença, do Humanismo, do Iluminismo e, principalmente, dos teóricos e revolucionários de 1789 (França), 1917 (Rússia), 1949 (China), 1959 (Cuba). Nessas circunstâncias, vale a pena reler o FEBEAPÁ (Festival de Besteira que Assola o País), escrito por Sérgio Porto (Stanilaw Ponte Preta), em 1966, e que continua atualíssimo.
Vale a pena também ressaltar que a cultura medieval portuguesa despreza o conhecimento científico, privilegia o ser humano masculino, considera inferior o ser humano feminino, imagina o europeu como ser superior, menospreza o não europeu, elege a cultura europeia, com todas as suas insuficiências e seus erros como cultura privilegiada e inteligente, escamoteia sua ignorância, barbárie, covardia e selvageria, atribuindo essas qualidades a povos não europeus.
Enquanto isso, vários “estudiosos” põem-se a analisar ou, mais precisamente, a escamotear o último genocídio praticado por luso-brasileiros contra os povos nativos do território Yanomami. Ressaltam as perdas para o meio ambiente, a economia do país e silenciam sobre as perdas culturais para a humanidade desde que os colonizadores portugueses elegeram a apropriação dos territórios dos nativos da América, África e Ásia como sua prioridade empresarial nos continentes, achados, por acaso, pelos navegantes portugueses.
Para isso, o genocídio de povos não-europeus era lícito e cristão para possibilitar a concentração de terras, com suas riquezas minerais e agrícolas, sob o controle de capitalistas colonialistas de países industrializados da Europa. Os portugueses subcolonizados acreditavam ter realizado sua grande missão civilizatória, explorando povos da América, África e Ásia e espoliando seus recursos naturais e sua força de trabalho. Ignoraram os conhecimentos construídos por esses povos há milhares de anos antes da chegada dos europeus medievalistas. Por isso, os colonizadores portugueses foram explorados e espoliados pelos capitalistas industriais da Europa e legaram aos luso-brasileiros sua vocação de destruição de povos, ambientes e culturas desconhecidas por eles. Há luso-brasileiros e outros imigrantes europeus subcolonizados que se orgulham de sua ignorância e sua subserviência a países industrializados da Europa.
* Isaac é professor aposentado da Faculdade de Filosofia da Ufam.
Imagem: Jason Bolonski | Flickr
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