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  10/11/2022 - por Isaac W. Lewis





 

A disputa eleitoral em 2022 no Brasil revelou-se pedagogicamente dialética. A máquina governamental da mentira, vigarice e do estelionato que desgovernava o país desde 2019 foi suplantada pela ânsia de verdade, justiça, liberdade, igualdade e fraternidade da maioria de homens e mulheres que vivenciaram práticas de desrespeito, desonestidade e traição a princípios basilares da sociedade brasileira.

 

É verdade que os cidadãos que se autodenominam conservadores não sabem o que esse termo realmente significa. O que querem conservar, que tradição aspiram conservar? Os conceitos importados de países da Europa Ocidental geralmente são distorcidos ou atribuídos significados completamente diferentes dos usados em países desenvolvidos. Em países colonizados, como o Brasil, a tradição das classes favorecidas é restringir a compreensão de conceitos que poderão ser-lhes desfavoráveis.

 

Um exemplo disso é de um colunista articulista que qualificou o movimento terrorista do governo federal de “conservador revolucionário”. Esse articulista parece não saber o que seja “um conservador” e nem sabe o que seja “um revolucionário”. Uma outra confusão muito frequente  é designar as “confusões débeis mentais” de políticos e governantes atuais de “fascistas” ou “nazistas”.

 

Esses políticos e governantes são herdeiros de bandidos que ocuparam as terras dos nativos que viviam no território achado casualmente por navegantes portugueses em 1500. E desde então, esses aventureiros espoliaram os nativos de suas terras, assassinaram covardemente milhares e milhares de nativos, nativas e suas crianças, escravizaram os sobreviventes e, além disso, adotaram práticas destrutivas contra a natureza, a fauna, a flora, os rios e os mares em nome da civilização, o que significou, na verdade, a adoção de modos de produção financiados por capitalistas europeus.

 

Depois da independência de Portugal em 1822, políticos, letrados e militares luso-brasileiros continuaram administrando o território a serviço de metrópoles que planejaram o modo e a relação de produção do país chamado Brasil, que nunca revogou os conteúdos racistas, discriminatórios e preconceituosos da cultura medieval, contidos nas Ordenações elaboradas pelos reis de Portugal no século XVI.

 

Entretanto, do século XIV ao século XIX, a Europa passou por muitas revoluções: a Comercial, a Intelectual (a Renascença, o Iluminismo), a Religiosa, a Industrial (Inglaterra), a Social (Inglesa e Francesa). Nesse período, o que vigorou no Brasil foi o domínio e a expansão do latifúndio, a sociedade escravagista, a violência colonial contra nativos da América e da África, ou seja, a espoliação das terras do nativos e a exploração violenta da força de trabalho dos nativos  da América e da África.

 

Na colônia portuguesa, os políticos, os letrados, os juízes, os militares, os latifundiários não tomaram conhecimento ou fingiram não tomar conhecimento das lutas dos Movimentos Populares na Revolução Francesa (1789) que aboliu privilégios, distinções, realizou reforma agrária, extinguiu a monarquia, condenando à morte na guilhotina o rei Luís XVI, a rainha Maria Antonieta e muitos latifundiários conservadores medievalistas. Fundou-se, então, a república moderna.

 

Em resumo, a vitória da Frente Ampla Democrática, liderada por Luís Inácio Lula da Silva, foi dialética porque seus eleitores exerceram o direito de destituir um desgoverno, que não respeitava os interesses e as necessidades da maioria da população como apregoavam os Movimentos Populares que realizaram a Revolução Francesa, seguindo os ideais políticos de Jean-Jacques Rousseau.

 

Para sabermos realmente o que são revolução, revolucionário e Movimentos Populares, podemos também estudar as Histórias da Revolução Russa de 1917, a Revolução Chinesa de 1949 e a Revolução Cubana de 1959. Nesses países, os autores de crimes políticos e peculatos são punidos e sumariamente executados, o que explica a raiva dos conservadores medievalistas brasileiros contra esses países.

 

 

*Isaac Warden Lewis é professor aposentado da Faculdade de Educação/UFAM



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