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  18/08/2022 - por Isaac W. Lewis





 

“Quem com ferro fere, com o ferro será ferido”. As classes favorecidas e desfavorecidas de países colonizados deveriam prestar mais atenção aos ditados universais e populares, conhecidos desde a Antiguidade porque o mundo é redondo, como foi comprovado por estudiosos e cientistas, como Nicolau Copérnico, Galileu Galilei, Johanes Kepler e Giordano Bruno durante a Renascença na Europa. E contra os fatos examinados, verificados e provados, não há nenhuma divindade que possa mudá-los. Aprendemos, com isso, que todo mistério pode ser desvendado, desvelado e explicado. Somente os tolos, que costumam seguir tolos, vigaristas e chalartões, não conseguem entender as leis da natureza, exposta através da Ciência.

 

No Brasil, país colonizado por excelência, várias pessoas das classes favorecidas e das classes desfavorecidas pregam políticas igualitárias para si e políticas de desigualdade para os outros e não percebem que, ao admitirem isso, estão, na verdade, propondo e admitindo políticas de desigualdade para todos. Os colonizadores portugueses chegaram ao Brasil no século XVI, trazendo ideias pré-históricas, medievais, discriminando negativamente povos da América, África e Ásia com o intuito de se apossarem de seus territórios, dos recursos minerais e vegetais desses territórios através da violência e da exploração violenta da força de trabalho da população que vivia nesses continentes.

 

Alguns luso-brasileiros e europeus desavisados aceitaram essas práticas violentas eurocêntricas como normais, não percebendo que tais práticas também valiam para atingi-los. É que os luso-brasileiros, os católicos e os evangélicos alienados e ignorantes preferiram ignorar as críticas religiosas feitas pelos reformadores contra a Igreja Católica Apostólica Romana, os princípios defendidos pelos filósofos do Iluminismo francês contra os privilégios da nobreza feudal, as lutas dos revolucionários franceses em favor de uma sociedade justa e igualitária, a crítica do modo de produção capitalista feita pelos filósofos e revolucionários marxistas a partir do século XIX.

 

Para as classes favorecidas da sociedade brasileira, o Brasil tinha de continuar a ser uma feitoria colonial para atender as metrópoles capitalistas europeias ou norte-americanas e garantir seu papel de lacaios para administrar política, militar, jurídica e policialmente a sociedade brasileira, mantendo a violência, a injustiça e a desigualdade social construídas pela sociedade medieval portuguesa a partir de 1500.

 

A proclamada independência política de 1822 não aboliu a política autoritária, medieval, colonialista e discriminatória praticada por autoridades políticas, militares, jurídicas e policiais luso-brasileiras que insistiram com práticas conciliadoras que mantêm a sociedade injusta e desigual. É hora de combatermos as políticas conciliadoras entre opressores e oprimidos. Precisamos fazer nossa opção pelos oprimidos e combater vigorosamente os que fazem a opção pelos opressores.

 

 

*Isaac Warden Lewis é professor aposentado da Faced/Ufam.



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