Documento sem título






     Artigos




  18/04/2022 - por Isaac W. Lewis





 

Vladimir Ilich Ulyanov, Lenin (1870-1924), em seu texto, “Esquerdismo: a doença infantil do comunismo” (1920), analisa doenças intelectuais de comunistas, como desvios teóricos, revisionismos, dogmatismos, incoerência, irracionalidade, oportunismo e incapacidade metódica para construir conhecimentos objetivos sobre fenômenos sociais da sociedade que pretendem transformar. Curiosamente, de passagem, Lenin ressalta que os capitalistas ocidentais também apresentam doenças espirituais semelhantes, porém mais graves.


Esses casos, no mundo capitalista ocidental, podem ser observados ainda hoje na Europa, nos Estados Unidos e, principalmente, nos países colonizados ou neo-colonizados, como o Brasil, onde a doença infantil do capitalismo ocidental apresenta-se epidêmica e gravíssima, por ser um país neo-colonizado, capitalista dependente, cujo setores favorecidos e desfavorecidos, em sua maioria, orientam-se por ideias místicas medievais ou pré-históricas, misturadas com ideologias modernas. Isso explica porque os luso-brasileiros e seus aliados, descendentes estrangeiros, mamelucos, mulatos, indígenas, negros orientam-se ainda por preconceitos medievais prescritos há mais de quinhentos anos pelas bulas papais e Ordenações promulgadas pelos reis de Portugal. As classes favorecidas organizaram a produção econômica, as atividades política e judiciária, militares, policiais, visando mais atender os interesses das classes privilegiadas de países capitalistas centrais e das favorecidas nacionais do que atender as necessidades da população nativa. Não é, pois, de estranhar a institucionalização da corrupção generalizada nos órgãos públicos, principalmente, nas instituições políticas, forças armadas, policiais, jurídicas, que foram criadas para perseguir ostensivamente os nativos (ameríndios, afro-brasileiros, operários e agricultores pobres); a violência e a discriminação negativa praticada pelas instituições públicas contra os nativos, quilombolas, operários, agricultores e favelados; o desmatamento de florestas, os incêndios florestais, a invasão e grilagem de terras indígenas, o massacre da população indígena e quilombola. Essas ações não são “fatalidades”, como declarou  um general, comprometido com os crimes praticados pelas Forças Armadas, Milícias, Polícias no Brasil, onde autoridades e setores da população acreditam que esse país é diferente de Porto Rico, Haiti, Filipinas, Panamá, Congo e outros países colonizados pelo Capitalismo Ocidental. 


Além das doenças infantis, mencionadas acima, a pior é a cegueira lateral ou parcial. As pessoas acometidas por essa doença, tanto nos países colonizados como nos países capitalistas centrais, só conseguem perceber os erros, males, as doenças, os absurdos, o terror praticados por outros indivíduos ou países. Recentemente, a esposa de um ator norte-americano foi agredida violentamente por um comediante. O marido, Will Smith, indignado, levantou-se e deu um tapa no rosto do comediante. O mundo veio abaixo em Hollywood por causa da atitude do ator. Poucas pessoas se indignaram pela agressão sofrida por sua esposa, como se uma mulher não tivesse o direito de raspar a cabeça, se ela quisesse. Imaginemos que se esse comediante fizesse gracinha ou ofensa a uma mulher que se apresentasse publicamente sem blusa, com o peitos de fora e seu marido reagisse da mesma forma que Will Smith, esse comediante estaria dizendo que as mulheres não têm o direito de se apresentarem carecas ou com os peitos de fora. Para esse comediante, somente os homens têm esse direito! Quanta hipocrisia!


No Brasil, há crianças morrendo de fome, há corrupção generalizada, há genocício nas terras indígenas, quilombolas e favelas, há violência policial e militar, há aberrações políticas e jurídicas, porém a ONU não tem se manifestado contundentemente contra os crimes de lesa-humanidade praticados nessa colônia. Para quê e para quem serve a ONU?  

 

*Isaac é professor aposentado da Faculdade de Educação/UFAM.
 



Galeria de Fotos