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  12/11/2020 - por Isaac W. Lewis





Pessoas de todos os países do mundo estão tendo a oportunidade de apreciar o espetáculo da cultura pseudodemocrática dos Estados Unidos da América do Norte (excluindo o México e o Canadá) em sua eleição presidencial de 2020. Vale dizer que antes de ser um estado democrático de direito, os Estados Unidos são, na verdade, um estado burocrático de direito tal como os países colonizados da América Latina, da África e da Ásia. Podemos entender porque os líderes políticos e militares dos Estados Unidos, a serviço do seu Complexo Industrial-Militar,  utilizaram a força para implantar ditaduras nas Filipinas, na República Dominicana, Guatemala, Argentina, no Haiti, Chile, Brasil etc. ou apoiaram regimes pseudodemocráticos em várias partes do mundo. Para a elite política norte-americana (formada em escolas e universidades, ditas democráticas), esses países tinham de ser a imagem e semelhança dos Estados Unidos: Países com forças armadas fantoches e sistema político, jurídico-policial corrupto para controlar a população nativa, garantindo, desse modo, os interesses  das classes privilegiadas de países colonizadores imperialistas e das classes favorecidas dos países colonizados (incluindo os Estados Unidos).

 

Essas classes privilegiadas e classes favorecidas são herdeiras dos invasores europeus (espanhóis, portugueses e ingleses) que abandonaram a Europa a partir do século XVI, trazendo, em sua bagagem  bíblias e armas de fogo e a recusa sistemática em aceitar ideias novas sobre o mundo, o universo que haviam sido desenvolvidas a partir do século XV por cientistas como Nicolau Copérnico (1473-1543), Johannes Kepler (1571- 1630), Galileu Galilei (1564-1642), entre outros. Tais ideias científicas refutavam totalmente as historinhas pré-históricas contidas na bíblia. Os invasores católicos e protestantes trouxeram as novas experiências mercantilistas que vinham se desenvolvendo nos burgos da Europa. Para esses invasores, pobres e ignorantes, o que importava era o lucro. Não lhe importavam tanto os conhecimentos científicos produzidos na Europa quanto os conhecimentos tradicionais dos povos nativos da América, África e da Ásia, a não ser, desvirtuando-os para servir seus interesses mesquinhos. Desse modo as ideias de reforma religiosa, do humanismo, do renascimento, do iluminismo, da revolução inglesa, revolução francesa, do socialismo, foram totalmente amesquinhadas para produzir ideias de democracia, humanismo, cristianismo, civilização totalmente deturpadas, empobrecidas, para beneficiar as classes capitalistas e favorecidas norte-americanas e isso ocorreu também em países colonizados da América Latina, África e da Ásia. Para os colonizadores europeus, civilização era barbárie, democracia era ditadura, participação política era golpe de estado, além de praticarem genocídio, racismo, xenofobia, misoginia e intolerância religiosa. É por isso que os sistemas políticos, jurídicos, militares, policiais, educacionais dos Estados Unidos e dos países colonizados da América Latina, África e Ásia são muito parecidos, produzindo burocratas e letrados que ainda se orientam, profissional e intelectualmente, pelas Ordenações, elaboradas, na Idade Média, por reinos europeus para orientarem e explorarem as populações nativas da América, África e Ásia, com o objetivo de se apropriarem de seus recursos materiais e naturais.

 

É importante ressaltar que imigrantes de todas as partes do mundo, adeptos de ideias renascentistas, iluministas, revolucionárias, libertárias e científicas também aportaram ao continente americano, o que explica, de certo modo, o desenvolvimento de pensamento crítico em vários setores culturais e artísticos da sociedade norte-americana.

 

Contrapondo-se aos colonizadores europeus e aos seus herdeiros, os nativos da América, África e Ásia têm empreendido lutas para defender sua terra, vida, cultura, seus direitos, apesar de contarem com armas desproporcionais com relação as armas possuídas pelos europeus. Isso explica os morticínios, as barbaridades e as ações terroristas praticados pelos colonizadores contra os povos (homens, mulheres e crianças) dos territórios invadidos. Do mesmo modo, os setores desfavorecidos dos países colonizadores não puderam impedir que as classes privilegiadas e favorecidas cometessem crimes contra a humanidade nos países invadidos. Contemporaneamente, temos testemunhado setores da população de países colonizadores (Estados Unidos, Reino Unido, França etc.) protestarem contra o envio de tropas militares ou a intervenção de força de seus governos nos países outrora colonizados. 

 

*professor aposentado da Faculdade de Educação/Ufam



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