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  24/03/2020 - por Rodrigo Toniol





Nos últimos meses a universidade sofreu ataques sistemáticos. A comunidade científica sentiu na pele a descontinuidade de seus projetos de pesquisa, vivenciou o corte de bolsas na pós-graduação e a perda de apoio para realização de eventos acadêmicos. Além disso, também nos vimos interpelados por acusações exdrúxulas como a de que os campi universitários possuem extensivas plantações de maconha. Agora, diante de uma crise global sem precedentes os pesquisadores são lembrados. Consultam os epidemiologistas, os estatísticos, os físicos, enfim, acionam a extensa rede de especialistas para entender o que está acontecendo, o que há por vir e como devemos agir. Nessas horas parece ser mais fácil de lembrar como o financiamento de pesquisa não é o mesmo que gasto puro e simples.

 

A pandemia do coronavírus colocou em nas nossas conversas cotidianas, pelo menos, três tópicos: questões biológicas sobre a dinâmica do vírus, a gestão política em tempos de epidemia e o crescente e generalizado pânico das populações. Sobre esses temas e, principalmente, sobre a articulação entre eles, as ciências sociais têm se dedicado há décadas. Somente nos últimos anos podemos recuperar os trabalhos sobre Zica, ebola, aids, malária e SARS. Pesquisas que receberam financiamento, que foram conduzidas com rigor e que agora nos ajudam a entender o momento que vivemos e também a imaginar algumas saídas para reduzir o impacto que o Corona terá em nossas vidas.

 

Pensando nisso, reunimos uma breve bibliografia de textos que abordam o tema das epidemias, do contágio e do controle de doenças a partir de uma perspectiva das Ciências Sociais. 

 

Com relação à COVID-19, especificamente, houve uma uma resposta rápida por parte do site “somatosphere”, que publicou no dia 06/03 um fórum de debates que reuniu historiadores, cientistas políticos, sociólogos e antropólogos dispostos a refletir sobre os impactos dessa nova pandemia.

 

Este também é um momento oportuno para revisitarmos o blog da antropóloga Soraya Fleischer (UnB), que junto com seu grupo de pesquisa, apresenta histórias das pessoas que continuam vivendo os impactos da epidemia do Zica Virus. O zica também foi tema da produção audiovisual de Debora Diniz, cujo curta metragem nos permite chegar mais perto dos dramas e dilemas de ser afetado por uma epidemia.

 

Como já temos percebido, os efeitos do Corona estão muito além de ser contagiado ou não. As ciências sociais nos ajudam a perceber como as epidemias nos afetaram ao longo da história e como o debate sobre as formas de reagir a ela sempre envolvem questões que extrapolam o agente biológico. Essa também é a hora de olharmos para o conhecimento produzido pelas Ciências Sociais.

 

Links:

 

- Textos Epidemia, saúde e antropologia – https://drive.google.com/open?id=1QdOEf3XSIqJwAXvL4qSELE1pop51jYqm

- Documentário Zica, Debora Diniz – https://www.youtube.com/watch?v=m8tOpS515dA

- Fórum Covid-19. http://somatosphere.net/2020/covid-19-forum-introduction.html/ fbclid=IwAR2wGhzy45BFBOqGAWLVX8G9RnX0Qc4IxQjNNT0FFq823OBNxGqagzdz3HA

- Blog pesquisa Zica. https://microhistorias.wixsite.com/microhistorias

- Financiamento de pesquisa não é o mesmo que gasto – https://opiniao.estadao.com.br/noticias/notas-e-informacoes,o-exemplo-da-fapesp,70003213012

- Por que financiar pesquisas? https://revistapesquisa.fapesp.br/2016/08/18/os-impactos-do-investimento/

 

 

Rodrigo Toniol é professor de Antropologia da Unicamp
 

 

Este é o primeiro texto de uma série que será publicada ao longo das próximas semanas. Trata-se de uma ação conjunta, que reúne a Associação Nacional de Pós-Graduação em Ciências Sociais (ANPOCS), da Sociedade Brasileira de Sociologia (SBS), da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), da Associação Brasileira de Ciência Política (ABCP) e da Associação dos Cientistas Sociais da Religião do Mercosul (ACSRM).



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