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  28/01/2013 - por Menabarreto França



O projeto da Cidade Universitária, em Iranduba, consiste na divisão de 1.200 hectares da Área de proteção Ambiental da Margem Direita do Rio Negro, das quais apenas 140 hectares serão destinados à Universidade do Estado do Amazonas (UEA). A maior parte será devastada por projetos de iniciativa privada. Para efeito de comparação, o Campus da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) é de 670 hectares, está dentro da área urbana de Manaus e encontra-se relativamente preservado, décadas após a sua fundação.

Dos 140 hectares destinados ao campus da UEA serão implantados na primeira etapa apenas 54 hectares ao custo de R$ 300 milhões, que simplesmente não existem no caixa do governo para esta finalidade. Destes 54 hectares, a área destinada, por exemplo, à Escola Superior de Tecnologia (EST) é de 9,4 hectares, que é praticamente a mesma área atual de 9,1 hectares (mais exatamente 91.119 mil m²). na Avenida Darcy Vargas, onde o preço do metro quadrado do terreno é 30 a 40 vezes mais do que no local destinado à Cidade Universitária, em Iranduba.

Além da perda patrimonial, haverá perda de qualidade de vida e aumento de custos para a comunidade acadêmica, que reside praticamente toda em Manaus, visto que o percurso diário aumentará em pelo menos 46 quilômetros. Isto, sem contar o deslocamento até a entrada do acesso à ponte na Avenida Brasil, para qual converge todo o trânsito dos bairros do São Jorge, Ponta Negra e Compensa, o que aumentará, consideravelmente, o tempo de deslocamento dos professores, alunos e funcionários. O problema será ainda mais sério para os alunos em estágio no Distrito Industrial, bem como para os cursos noturnos, pós-graduações e cursos livres, o que poderá levar a perda de alunos, professores e de receita para outras instituições.

Segundo o relatório de impacto ambiental, a Cidade Universitária vai causar o empobrecimento e a contaminação do solo e da água, perda de habitats, diminuição da oferta de alimentos, perturbação e afugentamento da fauna, destruição de abrigos, destruição Ambiental da Margem Direita do Rio Negro. Além disso, vai desalojar 389 pessoas, das quais, 88% não terão direito à indenização pela terra, sendo a maioria com Ensino Fundamental Incompleto, renda familiar de até um salário mínimo, muitas áreas ainda mais afastadas, ou sobreviver, com baixa escolaridade e baixa renda, no entorno da Cidade Universitária, com todos os problemas advindos da migração e ocupação descontrolada e irregular.

Defendemos um projeto alternativo que seja socialmente justo e ecologicamente sustentável, que garanta a perenidade dos recursos naturais renováveis e dos processos ecológicos, mantendo a diversidade biológica e os demais atributos ecológicos, mantendo a diversidade biológica e os demais atributos ecológicos em beneficio das gerações futuras, bem como das pesquisas da UEA nas áreas de manejo, clima e biotecnologia.

Defendemos um projeto alternativo do campus universitário que contemple a permanência da UEA em Manaus em blocos a serem construídos nos 91.119 m² da área de terreno da EST. Isto é perfeitamente possível, pois a soma das áreas das salas de aula, laboratórios, bibliotecas e auditórios de todas as cinco salas e da reitoria da UEA ocupariam em Manaus perfazem apenas 20.073 m², que correspondem a apenas 22% da área da EST. Se verticalizarmos em até seis andares a área das instalações acima da UEA ocupariam um terreno de apenas 3.345 m² que são menos de 4% do terreno da EST. Isto equivale a cinco blocos com área de base de 669 m² e dimensões de 20X33 m.

A opção pela permanência da EST e da UEA em Manaus evitaria um enorme prejuízo ambiental e social além de poupar investimento em infraestrutura urbana que poderia ser utilizado na construção e ampliação de instalações, na compra de equipamentos para laboratórios e na aquisição de acervo para bibliotecas.    



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