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  08/05/2019 - por Isaac W. Lewis



Um dos aspectos institucionais que faz parte do estado burocrático de direito, estabelecido nos países colonizados da América (incluindo os Estados Unidos), África e Ásia é a conjugação da violência com a corrupção com o objetivo de dominar e explorar as populações nativas e  trabalhadoras em benefício das classes privilegiadas das metrópoles colonialistas ou neocolonialistas.

As classes favorecidas dos países colonizados são instrumentalizadas para fazerem parte do sistema político, jurídico, militar e policial com o objetivo de manterem a ordem, o progresso e a paz na periferia do capitalismo. Por isso, os funcionários qualificados das classes favorecidas (ministros, juízes e secretários de segurança, principalmente) costumam realizar ações repressivas (militares e policiais) espetaculares contra as classes desfavorecidas (povos nativos e trabalhadores, em geral) para garantir a espoliação das riquezas materiais e a exploração dos recursos humanos desses países.

As operações policiais e militares espetaculares promovidas pelos governantes contra as classes desfavorecidas e que têm resultado em injustiças e mortes de pessoas nativas e trabalhadoras não são e nunca foram fatalidades desde que os colonizadores chegaram aos países colonizados. São, na verdade, processos de exibição e de manifestação de força para intimidar a população espoliada na tentativa de impedi-la de pensar e de se rebelar. Ledo equívoco, é claro. Por isso, a repressão precisa ser contínua e interminável.

Os funcionários qualificados passam a propor morte (assassinato legal) sem julgamento de criminosos das classes desfavorecidas, talvez para impedi-los de delatarem as altas autoridades comprometidas em crimes de corrupção. Manter presos esses criminosos constitui possível perigo à aparência de idoneidade que essas autoridades procuram propagar. Também a insistência dessas autoridades e de especialistas em segurança em denominar de traficantes simples vendedores de drogas e de armas lança uma cortina de fumaça sobre os verdadeiros beneficiários das operações de repressão espetaculares que são as grandes empresas internacionais de armas e de equipamentos militares e policiais, as quais vendem armas e equipamentos tanto para o bem quanto para o mal.

Como as autoridades de segurança pretendem combater realmente a violência na periferia do capitalismo sem realizar operações de combate à corrupção praticada por políticos, juízes e policiais? Como pretendem combater a violência na periferia do capitalismo sem fazer auditoria e investigação das relações entre políticos e militares de países colonizados e os empresários de armas e equipamentos militares de países colonialistas? A corrupção faz parte das práticas políticas das classes privilegiadas de países colonizadores e das classes favorecidas de países colonizados. No Brasil, essa é uma prática hegemônica que vigora desde a chegada dos colonizadores à América.

*Isaac Warden Lewis é professor aposentado da Faced/Ufam 



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