O objetivo deste artigo é refletir acerca dos últimos acontecimentos relacionados às escolas do MST que é, sem dúvida alguma, o movimento mais politizado deste País. Na realidade, querem destruir um projeto educativo que vem dando certo, do ponto de vista daqueles indivíduos que vivem em assentamentos.
Entendemos que foi uma grande injustiça desautorizar o funcionamento de uma proposta educativa simplesmente porque os autores dela não aceitam a política educacional do governo, imposta a todas as escolas brasileiras. Será que os operadores do direito não sabem que nem a Constituição de 1988 e nem a LDB de 1996 obrigam matricular crianças nas escolas mantidas pela poder público? Será que os especialistas na área de direito não sabem o que a Constituição e a LDB garantem é apenas a gratuidade e a liberdade de ensino? Se não sabem, é bom estudar mais a parte que trata da educação nesses instrumentos jurídicos.
Pela leitura que fizemos da proposta educativa do MST, não temos dúvida em afirmar que é a única que está em sintonia com os objetivos consubstanciados na Constituição de 1988 que, em seu artigo 205, declara “a educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, e seu preparo para o exercício da cidadania”.
Como se vê, as escolas do MST seguem as orientações da Carta Magna no sentido de preparar o cidadão e não o deficiente cívico. É um projeto que impressiona a qualquer pessoa que pretende conhecê-lo, haja vista a organização do trabalho pedagógico que lá se realiza. Criaram um projeto para a formação de seus próprios educadores, o Instituto de Educação Josué de Castro, e seus materiais pedagógicos são fundamentados na pedagogia freiriana e do pensador Makarenko, fundador da pedagogia marxista. Os conteúdos das disciplinas tanto do ensino fundamental quanto do médio são formativos e socialmente úteis para os interesses das classes expropriadas. As questões da realidade são consideradas como ponto de partida para o aprendizado dos alunos, porque são elas que conduzem à construção do conhecimento.
Segundo alguns educadores do MST, as crianças que passam pela escola do Movimento são ótimos alunos quando vão estudar na cidade. “Dão um pouco mais de trabalho para os professores, pois questionam, debatem, mas tiram de letra as matérias da escola tradicional. Em síntese, podemos afirmar que o MST tem, como compromisso e que não é objetivo das escolas sustentadas pelo Poder Público, desenvolver a consciência de classe e a consciência revolucionária.
È um modelo de educação cuja preocupação não é preparar o aluno para o mercado de trabalho e ingressar na universidade, mas sim desenvolver uma educação para a cidadania no sentido de fortalecer e aprimorar a democracia. O que a justiça deveria fazer e não tem coragem é proibir a exibição de programas que desagregam as famílias, sem conteúdos formativos e que levam as pessoas à alienação. Como exemplo citamos o Big Brother. A proibição desse tipo de programa não fere os princípios democráticos. O que fere os princípios democráticos é confundir liberdade com licenciosidade e democracia com bagunça. Copiamos tudo o que não presta do países do primeiro mundo e o que presta, como saúde, educação, salário e segurança, ficam por lá.
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