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  00/00/0000 - por Welton Oda



 Quem se surpreendeu com a reação do “Senhor Perfeito” é porque, de fato, não conhece a peça. Cenas como a ocorrida na Comunidade Santa Marta, no dia 21, são comuns na aldeia baré, comandada, no cabresto, por seus renitentes coronéis.

O importante do fato, é que a cena foi registrada. “Morra, minha filha, morra!” – disse Amazonino, retrucando a moradora que pedia casas populares para uma comunidade que, segundo ela, não tinha aonde morar. Bem... uma coisa não se pode negar; o desejo do prefeito foi expressado de maneira bastante sincera.

É óbvio que não é somente os paraenses que esta gangue de políticos corruptos que governa a cidade quer ver morta. No momento da discussão o prefeito somente buscou o motivo mais óbvio para o seu preconceito, mas caso ela se declarasse maranhense, cearense, acreana ou até mesmo amazonense, o desejo de morte não seria menor.

Mesmo tendo dito “ah! Então ta explicado!”, assim que a moradora se declarou paraense, sendo ela também pobre, crente, macumbeira, petista, fastiana ou paulivense, seria considerada, de qualquer modo, um empecilho para “o desenvolvimento sustentável”, para a “defesa civil”, para a “segurança nacional”!

Mas a senhora era paraense! Uma das tantas irmãs amazônicas que migraram de sua terra natal, quer “expulsas” por conflitos agrários devido à expansão do agronegócio, quer pela “faxina étnica” promovida pela nazista polícia tucana da gangue dos Jatenes, quer pela fome e miséria imposta pela política social destes mesmos crápulas ou ainda, como tantas outras famílias de paraenses, veio por vontade própria, para ficar próximo dos parentes em Manaus, situação bastante comum, já que tantos manauaras possuem laços de parentesco com os paraenses (e vice-versa).

O importante, após o brado nazi-fascista do prefeito, é impedir que outros amazonenses abestados, impunemente, possam entoar este brado de estupidez. Porque, com um prefeito como Amazonino, idiotices como estas estão “mais do que explicadas”.

Welton Oda é professor do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Ufam



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