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  01/10/2014 - por Welton Oda



Dizia Drummond que é tempo de partidos, tempo de homens partidos. Parece que, com o tempo, as pessoas acabaram se convencendo disso, mas até que deixemos de ser homens partidos e que a influência do fisiologismo dos atuais partidos políticos na administração pública seja menor teremos que enfrentar um estradão longo e acidentado.

Até que as coisas mudem, conhecer a história dos políticos e dos partidos políticos no Brasil é fundamental para que se possa compreender um pouco desse jogo intrincado, que envolve tantos jogadores, mesmo fora do Executivo e do Legislativo.

Quando se fala em corrupção na política, por exemplo, o discurso é despolitizado e há uma tendência forte dos meios de comunicação de massa, dominados por partidários do PSDB e do PMDB, de associar o fenômeno ao governo do PT. Assim, acontece que muitos dos ladrões do erário, pertencentes a outros partidos políticos, permaneçam incólumes, roubando à vontade. Não estou, obviamente, excluindo desse rol, os mais famosos: PSDB e PT.

Mas... você conhece o PP, o DEM, o PTB, o PSDC, o PSC, o PRONA e o PR? Conhece seus integrantes, sua história? Sabe que políticos nacionalmente conhecidos por seu envolvimento com a corrupção, como Paulo Maluf, Jader Barbalho, José Sarney, Antônio Carlos Magalhães, Amazonino Mendes, Luis Estevão, Valdemar da Costa Neto, Fernando Collor e Demóstenes Torres não são filiados nem ao PT, nem ao PSDB? Desse modo, desconhecendo a história e a gênese destes partidos, mesmo evitando votar em partidos conhecidos pela associação com a corrupção, corre-se o risco de votar num candidato filiado a um partido corrupto e menos conhecido.

Então, lembre-se: ao votar em candidatos ligados ao número 11, estará votando no PP, o partido de Paulo Maluf e Esperidião Amim; votando no 15 estará escolhendo o PMDB, o partido de Sarney e Jader Barbalho; se votar no 14, votará no partido de Amazonino Mendes e Fernando Collor, além de Roberto Jefferson, cassado no escândalo do mensalão e atualmente cumprindo pena na prisão; digitando 22, escolherá um candidato do partido de Valdemar da Costa Neto, cassado por envolvimento no episódio conhecido como mensalão e, enfim... por aí vai, é uma escolha difícil e séria para a qual vale até o caminho mais radical, que é o de anular o voto, boicotando um sistema que favorece a tantas organizações criminosas.

Só não vale o caminho mais fácil, que é o da desqualificação generalizada, o de botar tudo no mesmo saco e dizer que “político é tudo corrupto”. Oras, Aristóteles chamava a espécie humana de zoon politikon, ou o “animal político”, então pergunto: você é corrupto? Se respondeu negativamente é porque nem todo político é corrupto, afinal, você é um ser político e não é corrupto. Sendo assim, quem sabe com alguma boa vontade não comece a perceber que, mesmo dentro desse antro em que se converteu a política partidária, é possível, fazendo uma boa garimpagem, estudar a vida pública de seu candidato e fazer escolhas melhores do que as que atualmente a maioria dos brasileiros tem feito.

E você? Conhece seus candidatos? Pesquisou para checar se não está envolvido em treta? Vê lá o que você vai fazer, hem, parceir@! Mudar é preciso, mas não de qualquer jeito!

* Welton Oda é professor do Instituto de Ciências Biológicas da Ufam. (Texto publicado originalmente no Blog de Mestre Yoda, no dia 30.09.14)



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