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  01/12/2017 - por Jacob Paiva



Data: 01/12/2017

A atual crise do capitalismo atinge de forma distinta os diferentes países, com alguns traços comuns em boa parte deles tais como: altas taxas de desemprego; intensificação da exploração dos/as trabalhadores/as; políticas de ajustes fiscais que transferem as verbas do fundo público para o setor privado; retirada dos direitos sociais e trabalhistas e um expressivo recrudescimento de posições conservadoras no campo político e moral. Outros fatos têm sido o sucateamento dos serviços públicos e a privatização de estatais, realizados tanto por governos declaradamente de direita, quanto por conciliação de classes, ainda que em intensidades diferenciadas.

É o que acontece no Brasil. Após o impedimento do governo Dilma e da ascensão à presidência do seu vice, Michel Temer, avança a implementação da agenda regressiva nos direitos sociais e trabalhistas e a consequente degradação das condições de vida de enorme parcela da população. Todavia, como em outros lugares, a classe trabalhadora brasileira também se movimenta nesse cenário em ações de resistência com distintas pautas: greves para manter empregos, por melhores condições de trabalho e por pagamento de salários atrasados; defesa dos serviços públicos; ocupações dos sem terra e dos sem teto e manifestações contra o machismo/violência às mulheres, contra a discriminação racial ou por orientação sexual e em defesa do meio-ambiente. Essas lutas alcançaram um patamar superior de unidade e perspectiva política no primeiro semestre de 2017, porém, ainda que tenham contribuído com a não aprovação da Contrarreforma da Previdência, foram insuficientes para impedir que o desprestigiado governo Temer aprovasse a Lei da Terceirização e a Contrarreforma Trabalhista e tenha apresentado novos ataques como o Plano de Desligamento Voluntário (PDV), o PLS 116/2017 (demissão de servidores públicos por insuficiência de produtividade). Estas iniciativas trazem uma derrota para os que vivem do trabalho, especialmente aos servidores públicos, com nefastas consequências para a maioria da população brasileira.

Assim, a cada dia fica mais evidente que o governo Temer é subserviente aos interesses do grande capital internacional e nacional, sem nenhum compromisso com a maioria do povo brasileiro. Com ramificação nos três poderes, atua para salvar os lucros das empresas, dos bancos, do agronegócio, com base em um poderoso esquema de corrupção. Não importa se essa política gere mais desempregados, se a saúde e educação públicas não funcionem, se a violência aumenta nas cidades, ou se universidades corram o risco de fechar, como é o caso das estaduais do Rio do Janeiro e das Instituições Federais de Ensino Superior. De outro lado, ficou também evidente que somente com muita unidade e organização da classe trabalhadora poderemos alterar esse quadro. Foi o que demonstraram, por exemplo, as marchas das mulheres em 8 de março, a Greve Geral do dia 28 de abril e a marcha #Ocupa Brasília, em 24 de maio. Mas, temos um grande desafio na manutenção e ampliação dessa unidade, pois setores da classe contribuem para frear as lutas: uns visando acordos como atual governo para salvar o modelo sindical burocrático, outros de olho nas eleições de 2018, apostando no degenerado sistema eleitoral burguês como saída para a crise.

Que as lições da Revolução Russa, paridas no outubro vermelho de 1917, e o legado de Che Guevara, morto há 50 anos na Bolívia, possam nos inspirar nas próximas lutas. Brademos em alto e bom som que não aceitaremos a retirada de nem mais um direito e que a união internacional da classe trabalhadora contra todas as formas de exploração, dominação e opressão é a palavra de ordem do dia!

*Jacob Paiva é mestre em Educação pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), 1º secretário do ANDES e professor da Faculdade de Educação da Ufam.



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