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  18/05/2017 - por José Alcimar de Oliveira



Data: 18/05/2017

O tempo político se acelera. Os grandes partidos se equiparam por baixo. O processo de decomposição institucional da República avança em intensidade e abrangência.

O Estado brasileiro, que já nasceu oligárquico e patrimonialista, sempre esteve sob o tacão do poder do grande capital. Governos corruptos se sucedem. Enquanto isso, pesa sobre a  classe que vive do trabalho a mais agressiva, continuada e degradada desigualdade social.

Se o acaso ou a necessidade nos preservaram de falhas geológicas, nossos podres poderes não tiveram escrúpulos nem mediram esforços em aprofundar a falha política que parece tragar nosso  presente e nosso futuro. Diz a sábia sentença dos antigos que quando sobra poder escasseia o bom senso. Pascal insistia que aquilo que é forte tem que ser justo e o que é justo tem que ser forte. Para além de Hegel e Marx, passamos no Brasil, da tragédia à farsa, e desta ao escárnio.

Está mais do que na hora de fazer convergir para o centro das decisões a resposta coletiva do que ainda resta de decência nas diversas instâncias de poder e propor, acima de quaisquer interesses, uma saída democrática, institucional e de longo curso para a mais grave crise do Estado brasileiro. Do contrário, prevalecerá a sentença do grande Santo Agostinho: remota Itaque justitia, quid sunt Regna nisi magna latrocinia? (Se a justiça desaparece, o que são os Estados senão um bando de ladrões?).

Chegamos a um ponto de não retorno. Como fazer a necessária transição, para pensar com Cícero, da mala morata civitas para a bene morata civitas? (da cidade dos maus costumes para a cidade dos bons costumes?).

O Mouro de Trier, em 1859, assinalava que a espécie humana só traz à baila os problemas que é capaz de resolver. O povo brasileiro tem direito ao Estado de direito. Basta de Estado oligárquico de privilégios.

José Alcimar de Oliveira é professor do Departamento de Filosofia da Universidade Federal do Amazonas e filho dos rios Solimões e Jaguaribe. Em Manaus, AM, 17 de maio de 2017.



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