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  04/05/2016 - por José Seráfico



Data: 04/05/2016

Os cegos por opção, os mais malfadados de todos, não verão. Insistirão em instalar no poder políticos enredados em falcatruas de toda espécie, suspeitos de crimes da mais variada categoria – e torpeza -, nenhum parecido ou aproximado sequer dos que atribuem à Presidente da República. Interessa-os, exclusivamente, tirar Dilma Rousseff do Planalto, nele instalando o que de pior se tiver imaginado em termos de aliança. Neste caso, uma aliança que tem algo de política e muito de negócio.

Ninguém capaz de analisar os fatos sem paixão ou dívida que um dia há de ser cobrada, admite alheia ao processo de impeachment boa parte dos grandes capitais nacionais. E estrangeiros, quiçá. Muitos dos enrolados com a operação Lava Jato estarão, a esta hora, apostando todas as suas fichas na chegada da dobradinha PMDB/PSDB à rampa em que se iniciou breve período de esperanças para a o povo brasileiro. Aquela parte que trabalha, constrói a riqueza nacional e se apropria da esmola que lhes dispensam os outros.

Frustradas as esperanças, e tendo concorrido para esse resultado, há os que abandonam o barco e entendem de pô-lo a pique. Primeiro, com a destituição do capitão que apenas timidamente segurou no timão. O que vem depois é muito pior. E, como disse Alceu Valença, “já se ouvem seus sinais”.

É assustador o que espera a sociedade brasileira, caso prospere a derrubada da Presidente Dilma. Com a confirmação do mandato dela, é quase certo que teremos até 2018 um governo sob constante ameaça de paralisação. Para isso labora a oposição – tanto aquela que não o soube ser, nos últimos seis anos, quanto a outra, recém afastada do butim.

Anunciam-se as linhas mestras do eventual governo Michel Temer, uma perspectiva atualizada do tiro de  misericórdia no papel do Estado e a entrega do que ainda resta do patrimônio público à voracidade do capital avassalador. Nem se fale do prejuízo que sofrerão as políticas sociais, cujo objetivo sequer foi alcançado. Falar em corrigi-las e cuidar para que seus beneficiários logo possam ser transformados em cidadãos – não interessou a Lula e ao PT; interessa menos ainda ao PMDB e seus novos sócios. Isso importaria gerar a consciência cidadã que recusa messianismo, coronelismo e dependência. A quem isso pode interessar?

A fragilização da Petrobrás, com Temer e seus sócios, servirá ao propósito de facilitar seu controle pelo capital voraz e deletério. Buscar a correção dos erros e da má fé que a cobriram não passa pela cabeça de nenhum dos que se aprestam a chegar ao Planalto. Se chegarão ou não, tudo depende de como os senadores se manifestarão.

Essa manifestação também é duvidosa. Sobretudo, depois da brilhante e contundente exposição do Ministro-Chefe da Advocacia Geral da União, José Eduardo Cardoso. Se a lição de Direito por ele proferida cair em ouvidos sadios e bem-intencionados, não será desta vez que Dilma cairá. A não ser que se multipliquem os processos de impeachment, em quase todos os Estados. Ou se faça como reivindicava o Barão de Itararé: se não é possível instaurar a moralidade, que todos se locupletem.



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