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  13/09/2017 - por Luiz Fernando Souza Santos



Data: 13/09/2017

Uma das marcas do século 21 é, no escopo do neoliberalimo e da revolução tecnológica, o processo de reestruturação produtiva que atingiu profundamente o mundo do trabalho, gerando uma massa planetária que compõe o universo do não emprego, conforme assinalou Ricardo Antunes em ‘O Caracol e sua Concha’, ou então, experimenta a atividade laborativa de forma precária, parcial, temporária, essencialmente estranhada. Neste contexto, as organizações sindicais foram  também impactadas por tais transformações, que impõem uma perspectiva de luta e de enfrentamento da desregulamentação do trabalho e da criação de um ambiente de desemprego estrutural, que sejam capazes de propor, de um ponto de vista organizativo, tarefas para o tempo presente que sejam qualitativamente distintas das velhas estruturas de organização sindical, hierarquizadas, marcadamente machistas, presas a concepções reducionistas do trabalho e do que efetivamente é a classe trabalhadora.

A CSP-Conlutas, fundada em 2010, no Congresso da Classe Trabalhadora (Conclat), constitui-se numa organização que se inscreve no âmbito das necessidades da classe que vive do trabalho na contemporaneidade. É um espaço no qual as organizações sindicais de diversos setores e os movimentos populares, estudantil, de juventude, de mulheres, de luta por moradia, LGBT, indígenas, entre outros, pela primeira vez na história da luta de classes no Brasil, experimentam a construção da unidade na luta contra a opressão e exploração.

Em maio de 2017, no contexto da crise político-econômica brasileira e do ataque mais feroz das contrarreformas do governo Temer, foi criada a seção amazonense da CSP-Conlutas, com envolvimento de sindicatos de trabalhadores, mulheres, estudantes e representantes dos movimentos populares que atuam no Estado. Diante da desregulamentação do trabalho e do desmonte de direitos sociais, expressos na lei que congela os gastos públicos por 20 anos e penalizam os trabalhadores, corta recursos da saúde e educação; e diante de propostas como o Programa Escola Sem Partido, a Reforma do Ensino Médio, a Reforma Trabalhista e a da Previdência, a seção amazonense da CSP-Conlutas torna-se estratégica como ferramenta de luta.

Considerando ainda os elementos que envolvem a crise política atual, com denúncias que envolvem diretamente o presidente Temer, uma grande parte de deputados federais comprados com a liberação de somas vultosas de emendas parlamentares para o engavetamento do pedido de abertura de processo de impeachment, o claro movimento de grandes centrais sindicais na desconstrução da greve geral marcada para 30 de junho deste ano, sinalizam a positividade do surgimento desta seção sindical.

Numa conjuntura tão explosiva e destrutiva para o mundo do trabalho, a seção amazonense da CSP-Conlutas, concomitante à sua organização, já tem como tarefa a luta contra a criminalização dos movimentos populares, particularmente contra a perseguição àquelas lideranças ligadas à luta pela moradia, através da realização de seminários, fóruns, que tornem pública esta situação e reverta esta disposição autoritária das forças reacionárias locais. Além disso, definiu que a criação de comitês populares é estratégica na articulação com as bases. O fortalecimento da Frente de Lutas Fora Temer é outra tarefa importante, que coloca em foco a luta contra este governo e exercita a busca pela construção da unidade entre os diversos setores das esquerdas. A seção amazonense propôs, ainda, realizar plenárias, debates para análise de conjuntura e reuniões que garantam maior organicidade e uma dinâmica que efetivamente assegure tomadas de decisão horizontais, democráticas, que resultem num processo que amplie e reforce qualitativamente o lugar que esta Central tem neste contexto, como dinamizadora de formas contemporâneas de lutas contra a lógica destrutiva do capital.

* Luiz Fernando de Souza Santos é doutorando em Sociologia pela Unicamp e professor do Departamento de Ciências Sociais da Ufam.



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