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  14/03/2022



Quatro anos do assassinato de Marielle e Anderson. Quem mandou matar?



Quem mandou matar Marielle Franco? Essa pergunta ainda não ecoa mesmo após quatro anos do assassinato de Marielle Franco. A vereadora do Rio de Janeiro pelo Partido Socialismo e Liberdade (Psol) foi brutalmente assassinada a tiros, juntamente com o seu motorista, Anderson Gomes, no 14 de março de 2018. Nesta segunda-feira estão previstos atos públicos para homenagear Marielle e Anderson e cobrar justiça.

 

Desde a execução da vereadora e seu motorista, diversas manifestações cobraram o esclarecimento do caso e agilidade nas investigações. No último dia 8 de março, Dia Internacional de Luta das Mulheres Trabalhadoras, essas reivindicações fizeram parte dos atos feministas ocorridos pelo país.

 

No Rio de Janeiro, na manhã desta segunda, os advogados das famílias da parlamentar e do motorista irão protocolar um mandado de segurança no Tribunal de Justiça para que as informações dos autos de investigação sobre os mandantes do assassinato sejam compartilhadas. Também está prevista uma intervenção da Anistia Internacional Brasil em frente à Câmara dos Vereadores, no centro da capital fluminense. O ato irá simular o processo judicial ainda sem conclusão.

 

Uma missa em homenagem às vítimas será celebrada na Igreja Nossa Senhora da Candelária. À tarde, haverá um encontro entre o governador do Estado do Rio de Janeiro, Cláudio Castro (PL), as famílias de Marielle e Anderson e representantes do Comitê Justiça Por Marielle. Das 15h às 23h será realizado, no Rio, o Festival Justiça por Marielle e Anderson, no Circo Voador, na Lapa, organizado pelo Instituto Marielle Franco.

 

Investigação

 

O crime já está sob responsabilidade do quinto delegado nomeado pela Polícia Civil. “Em quatro anos, a Polícia Civil e o Ministério Público do Rio de Janeiro ainda não apresentaram avanços concretos com relação à investigação dos mandantes do crime, ou de suas motivações. Este é o ponto mais importante justamente porque escancara as deficiências estruturais do Estado brasileiro, que reiteradamente expõe defensoras e defensores de direitos humanos a riscos”, afirmou a coordenadora da ONG Justiça Global, Daniela Fichino.

 

O sargento reformado Ronnie Lessa e o ex-policial militar Élcio Queiroz, acusados de executar a vereadora e o motorista, seguem presos desde março de 2019 e aguardam julgamento. De acordo com o inquérito policial, Lessa é responsável por executar os disparos e Queiroz por dirigir o veículo em que ele e Lessa estavam. A motivação e o mandante do crime seguem desconhecidos.

 

Quem foram Marielle e Anderson?

 

Anderson Gomes, nascido na favela da Fazendinha, parte do Complexo do Alemão, trabalhava há poucos meses como motorista de Marielle. Ele tinha um filho de um ano à época do assassinato com sua companheira, Ágatha. Morto enquanto trabalhava, Anderson é também um símbolo da crise de segurança e violência e da luta por justiça.

 

Marielle Franco nasceu e foi criada na Favela da Maré, zona norte da cidade do Rio de Janeiro. Mulher, negra, lésbica e mãe e socialista, iniciou sua militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário. Naquela época, perdeu uma amiga, vítima de bala perdida, num tiroteio entre policiais e traficantes no Complexo da Maré.

 

Aos 19 anos, se tornou mãe de uma menina, o que contribuiu para sua atuação na luta pelos direitos das mulheres. Esse era um dos temas que debatia nas favelas.

 

Ela se graduou pela PUC-Rio e fez mestrado em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Sua dissertação teve como tema: “UPP: a redução da favela a três letras”. Marielle estudou a implementação das UPPs no Rio de Janeiro, entre 2008 e 2013. Em sua dissertação, propôs em perspectiva teórica que o modelo de segurança pública adotado para as favelas reforça o Estado Penal. Após seu assassinato, a editora N1 publicou o estudo como livro.

 

Trabalhou em organizações da sociedade civil como a Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). Coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), ao lado de Marcelo Freixo.

 

Em 2016, foi eleita vereadora com 46.052 votos, a 5ª vereadora mais votada do Rio de Janeiro. Marielle presidiu a Comissão de Mulher da Câmara Municipal do RJ e propôs diversos projetos e iniciativas durante pouco mais de um ano de mandato.

 

Atuação na Câmara

 

Entre os projetos apresentados por Marielle está a Lei das Casas de Parto, para estimular a multiplicação desse modelo de atendimento no município do Rio. As Casas de Parto oferecem atenção integral à gestante, com realização de partos normais, contribuindo para a saúde da mãe e do bebê. Além disso, geram menos custos para o Município e ainda amenizam as sobrecargas das maternidades de grande porte.

 

Após o assassinato de Marielle, outros projetos apresentados pela vereadora foram aprovados, como o “Espaço Coruja”. A lei prevê um programa de acolhimento às crianças no período da noite, enquanto seus responsáveis trabalham ou estudam.

 

Outro projeto foi o “Assédio não é passageiro”. A lei cria uma campanha permanente de Conscientização e Enfrentamento ao Assédio e Violência Sexual nos equipamentos, espaços públicos e transportes coletivos do Rio.

 

Também foram aprovados o Dia de Thereza de Benguela no Dia da Mulher Negra, a Efetivação das Medidas Socioeducativas em Meio Aberto e o Dossiê Mulher Carioca. Este último visa auxiliar a formulação de políticas públicas voltadas para mulheres através da compilação de dados da Saúde, Assistência Social e Direitos Humanos.

 

Fontes: com informações Florescer Por Marielle e CNN Brasil



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