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  09/08/2021



ADUA emite nota “UFAM: Retomar as atividades e seguir na luta contra o desmonte do Estado brasileiro”



 

A Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA) emitiu, nesta segunda-feira (9 de agosto), uma nota pública sobre o retorno remoto, na terça (10), das atividades do calendário acadêmico do semestre de 2020/02, na UFAM. As aulas presenciais na instituição estão suspensas em razão da pandemia da covid-19, agravada pela falta de gestão responsável dos governos federal, estadual e municipal.

 

No documento, a ADUA ressalta que não voltará à normalidade, que nunca houve, mesmo antes da epidemia do coronavírus. “Continuamos em ritmo de barbárie e sob Estado de Exceção. Nenhuma vida a menos! Nenhum direito a menos! Nem um passo atrás! Cada colega servidor(a), docente e técnico(a)-administrativo(a), discente e funcionário(a) terceirizado(a) da UFAM que sofreu a perda de um familiar, parente ou colega, terá em nós a solidariedade classista e humana. Não nos calarão!”, afirma a entidade em trecho da nota.

 

Leia o documento na íntegra abaixo:

 

UFAM: RETOMAR AS ATIVIDADES E SEGUIR NA LUTA CONTRA O DESMONTE DO ESTADO BRASILEIRO

 


NOSSOS INIMIGOS DIZEM

Bertolt Brecht (1898-1956)


Nossos inimigos dizem:
A luta terminou.
Mas nós dizemos:
Ela começou.
Nossos inimigos dizem:
A verdade está liquidada.
Mas nós dizemos:
Nós a sabemos ainda.
Nossos inimigos dizem:
Mesmo que ainda
Se conheça a verdade
Ela não pode mais
Ser divulgada.
Mas nós a divulgamos.
É a véspera da batalha.
É a preparação de nossos
Quadros.
É o estudo do
Plano de luta.
E o dia antes da queda
De nossos inimigos.

 


Neste dia 10 de agosto de 2021, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) retoma, ainda de forma remota, as atividades do calendário acadêmico do semestre de 2020/02, suspenso por força da pandemia de covid-19, cujas consequências no Brasil e no Amazonas foram agravadas pela política da morte promovida pelas instâncias de governo nos níveis federal, estadual e municipal. O Estado brasileiro consorciou-se ao poder devastador do vírus. Para quem resistiu e continua na resistência ao arbítrio e ao desmonte de direitos, nenhuma morte é número. Para nós, cada vida perdida tem nome. E continuaremos a falar por eles e por elas. Pelas vidas que nos foram subtraídas.


Não voltamos à normalidade que nunca houve, mesmo antes da pandemia. Continuamos em ritmo de barbárie e sob Estado de Exceção. Nenhuma vida a menos! Nenhum direito a menos! Nem um passo atrás! Cada colega servidor(a), docente e técnico(a)-administrativo(a), discente e funcionário(a) terceirizado(a) da UFAM que sofreu a perda de um familiar, parente ou colega, terá em nós, da Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA – Seção Sindical do ANDES-SN), a solidariedade classista e humana. Não nos calarão!


Onde estão as instituições da República? Seguirão omissas diante das seguidas agressões ao Estado Democrático de Direito? Terá a ordem do crime e da destruição adquirido estatuto de lei e tornado letra morta a chamada Constituição Cidadã de 1988? Configura crime gritar pelo direito à vida nela formalmente ainda garantido? A UFAM, como instituição federal e pública de ensino, deve ser para cada docente um espaço de afirmação e de defesa dos direitos coletivos, notadamente do sagrado direito à educação.


Neste 2021, no centenário de nascimento de Paulo Freire, e aos 50 anos da morte (em circunstâncias nunca explicadas) de Anísio Teixeira, é um dever de cidadania educativa trazer à memória coletiva a vida e a práxis desses dois grandes educadores. Não podemos permitir nem o esquecimento fabricado nem os ultrajes da ignorância arrogante sobre a trajetória intelectual de Paulo Freire e Anísio Teixeira, dois brasileiros que imprimiram em suas vidas a defesa do direito das classes oprimidas à educação, da educação pública como direito e jamais como privilégio.


Somente a luta muda a vida. Somente a grande luta muda a história. Em defesa da vida socialmente vulnerabilizada; em defesa da classe que vive do trabalho e produz riqueza; em defesa dos(as) empobrecidos(as), dos povos indígenas, da população negra, das mulheres vítimas do machismo e do feminicídio, da população de rua, da população carcerária, dos (as) subempregados (as), dos (as) milhões de brasileiros(as) que sobrevivem da informalidade. Em defesa dos direitos e das garantias fundamentais formalmente constitucionalizadas!

 


Diretoria da ADUA – Seção Sindical do ANDES-SN

Biênio 2020-2022

Manaus (AM), 09 de agosto de 2021



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