Data: 14/05/2019
O governo Bolsonaro cortou 32 bolsas de mestrado e doutorado da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Desse total, 27 são oriundas da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), sendo 10 de doutorado e 17 de mestrado. Além dessas, foram retiradas uma de doutorado e quatro de mestrados da cota da Pró-Reitoria. As informações são da Pró-reitoria de Pesquisa e Pós-graduação (Propesp) da Ufam.
Ainda conforme a Progesp das 10 bolsas de doutorado 6 são de Agronomia Tropical; 2 de Biotecnologia e 2 Ciências Pesqueiras nos Trópicos. Das 17 bolsas de mestrado 4 são Agronomia Tropical; 2 de Ciências da Saúde; 4 de Ciências do Ambiente e Sustentabilidade na Amazônia; 1 de Enfermagem; 1 de Ensino de Ciências e Matemática; 1 de Física; 3 de Matemática e 1 de Zoologia.
A gestão Jair Bolsonaro bloqueou de forma generalizada bolsas de mestrado, doutorado e pós-doutorados oferecidas pela Capes em todo país. Conforme relatos de coordenadores de programas, os cortes foram de bolsas que pertenciam a alunos que apresentaram seus trabalhos recentemente e seriam destinadas a estudantes aprovados em processos seletivos concluídos ou em andamento. Os financiamentos foram retirados do sistema do órgão de fomento ligado ao Ministério da Educação (MEC).
O corte pegou as universidades de surpresa e atingiu não só áreas de humanas, que a gestão do ministro de educação. Abraham Weintraub, disse não ser prioridade do investimento público, mas também as de ciências. A Capes determinou como único critério para cortar os benefícios o fato de não ter havido pagamento no mês de abril, sem haver comunicação prévia com as instituições ou com pesquisadores. Em ofício encaminhado na quarta-feira (8) aos pró-reitores de pós-graduação, a Capes informa que a decisão foi tomada no último dia 3 pela diretoria-executiva do órgão. O documento foi assinado pelo presidente da Capes, Anderson Ribeiro Correia.
Não há informações sobre a quantidade de bolsas, mas foram atingidos benefícios em cinco programas: DS (Demanda Social), Proex (Programa de Excelência Acadêmica), Prosuc (Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições Comunitárias de Ensino Superior), Prosup (Programa de Suporte à Pós-Graduação de Instituições de Ensino Particulares) e PND (Programa Nacional de Pós-Doutorado).
No Instituto de Biociências da USP, 38 bolsas foram cortadas —17 de mestrado, 19 de doutorado e duas de pós-doutorado. Elas custeariam estudos nas áreas de botânica, ecologia, fisiologia, genética e zoologia. Na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), ao menos 40 bolsas foram suspensas, segundo levantamento ainda preliminar da instituição, que disse ter sido pega de surpresa e reclamou da "insensatez da medida".
Há relatos semelhantes de corte de bolsas não ocupadas em diversas localidades do país, como Paraná, Minas Gerais, Goiás e Ceará. Na UEL (Universidade Estadual de Londrina), aos menos 38 bolsas que seriam concedidas no início do segundo semestre sumiram do sistema. Na Universidade Federal do Ceará (UFC), 61 bolsas que estavam vagas sumiram do sistema.
A Capes foi uma das agências atingidas pelo contingenciamento promovido pela gestão Bolsonaro. No total, foram congelados R$ 819 milhões, ou 19% do valor autorizado, segundo dados da semana passada. O maior volume de corte é nas bolsas de pesquisa no ensino superior: R$ 588 milhões, ou 22% do previsto. O órgão havia informado, na semana passada, que haveria o congelamento de todas as bolsas ociosas identificadas nos programas de pós-graduação. O temor entre pesquisadores é qual será o critério para o entendimento de ociosidade, o que pode impactar a não renovação do número atual de bolsas. A Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG) questionou a Capes sobre o tema, mas não obteve resposta.
Fonte: ADUA-SSind. com informações do jornal Folha de São Paulo