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Crise na UNIR se agrava com novas prisões e ameaças



A crise na Universidade Federal de Rondônia (UNIR) está se agravando e caminha cada vez mais par a radicalização. Esta é a constatação do professor Jorge Luiz Coimbra, 1º vice-presidente da Regional Norte I do ANDES-SN que vem acompanhando os acontecimentos na UNIR desde a deflagração da greve no dia 14 de setembro.

De acordo com o docente, na última sexta-feira (4), dois alunos foram detidos pela Polícia Federal (PF) acusados de injúria e levados a prestar esclarecimentos na delegacia. A prisão aconteceu quando os estudantes buscavam panfletos em uma gráfica, que seriam distribuídos na cidade. Os alunos foram liberados depois de assinar um termo na delegacia e os 1.500 panfletos foram apreendidos para averiguação.

Esta é a segunda detenção realizada pela PF desde o início da paralisação. No dia 21 de setembro, o professor o professor Valdir Aparecido da Silva, do Núcleo de História, foi preso sob a acusação de que seria o responsável por uma explosão ocorrida próxima ao local onde estudantes e professores faziam uma manifestação. De acordo com a imprensa local, o deputado federal Mauro Nazif (PSB/RO), presente na manifestação, também teria sido agredido pelos policiais.

No mesmo dia da prisão dos alunos, o professor Fabrício Moraes de Almeida teve o vidro de seu carro quebrado por uma pedra, na qual estava amarrado um bilhete com ameaças à integridade física do docente.


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Segundo Coimbra, a justiça federal já concedeu reintegração de posse do prédio da reitoria, ocupado pelo comando de greve dos alunos há cerca de um mês. No entanto, a resistência estudantil, a falta de efetivo policial e a intermediação de políticos locais, como o deputado Nazif, contribuíram para o aprofundamento do diálogo sem a necessidade de ações para a desocupação até o momento.

“Eles chegaram a pedir reforço à polícia do estado, o que foi negado pelo governo estadual. Como o contingente de policiais federais é muito pequeno, ao invés de desocupar o prédio, eles partiram para ações arbitrárias, caracterizadas por intimidação psicológica, com a criminalização do movimento”, conta o diretor do ANDES-SN.

Sociedade se mobiliza em apoio à greve

Com o objetivo de discutir os problemas enfrentados pela UNIR e buscar soluções para o enfrentamento da crise na instituição foi realizada nesta segunda-feira (7) uma audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado (ALE/RO), em Porto Velho.

Participaram do ato deputados estaduais, federais, alunos e professores, representantes dos comandos de greve docente e discente, da Associação dos Docentes da UNIR (Adunir – Seção Sindical), além do professor Coimbra, representando o Sindicato Nacional. Integrantes da sociedade rondoniense também compareceram para prestar apoio ao movimento grevista.

Um relatório da audiência será encaminhado pela a Assembléia Legislativa à Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara Federal para análise e providências. Entre os encaminhamentos, está a solicitação de que a Comissão convoque o Reitor para prestar esclarecimentos sobre as denúncias protocoladas no Ministério da Educação (Sesu/MEC), bem como convidar os comandos de greve dos docentes e discentes para fazer-se presentes com o objetivo de esclarecer a atual realidade que motivou a greve na UNIR.

Além disso, a Assembleia Legislativa deve pedir ao governo do Estado que, através do Corpo de Bombeiros, interdite as áreas onde constam perigo eminente à comunidade universitária apontadas pelo Laudo de Vistoria Técnica - LD VT nº098/2011, de 21 de outubro de 2011, realizado por essa corporação.

Veja aqui os encaminhamentos da Audiência.

A Audiência

De acordo com o deputado estadual Hermínio Coelho (PSD), autor do requerimento para realização da audiência, a crise vivenciada neste momento pelos técnicos, professores e alunos da UNIR, é desdobramento ou reflexo da greve iniciada ainda em 2008, quando docentes e discentes entraram em greve exigindo melhorias das condições de trabalho desta instituição.

Fonte: Comando de Greve da UNIR



“Naquela ocasião, a reitoria assinou dois termos de ajuste de conduta, e neste documento a reitoria se comprometia até 2010 resolver todos os problemas elencados referentes à infraestrutura e de pessoal. Passados esses anos, com a expansão da Unir, através do Programa de Apoio ao Plano de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais - Reuni, agravaram-se os problemas já existentes e somaram-se a eles outros novos problemas”, declarou o parlamentar, de acordo com matéria divulgada pela ALE/RO.

O parlamentar exigiu um posicionamento urgente do Ministério da Educação, pois a situação da Unir só piora. Ele lamentou a ausência de representantes de diversos organismos federais previamente convidados, mas que faltaram e não justificaram suas ausências.

Em 17 de outubro, o secretário da Sesu/MEC, Luis Cláudio Costa, esteve em Porto Velho e instituiu uma Comissão Sindicância Investigativa, que tem 30 dias para concluir as apurações.

Representando a bancada federal rondoniense, o deputado federal Padre Tom (PT), fez uso da palavra e disse que nem na época da ditadura militar ocorreu intervenção numa universidade, e desta forma disse que a decisão está mesmo nas mãos dos professores e alunos, mas a melhor solução agora seria a renúncia do reitor.

Professores e alunos fizeram uso da palavra e relataram as péssimas condições da Universidade e exigiram também esclarecimentos e publicidade quanto as apurações feitas pelo Ministério Público envolvendo desvio de verbas e irregularidades na administração da universidade.

Outras frentes

Além das ações dos comandos de greve e agora dos parlamentares na tentativa de solucionar a situação na UNIR, o professor Jorge Luis Coimbra disse que os docentes e alunos também estão se organizando para retomar os conselhos superiores, que há anos vêm apenas referendando as deliberações do reitor. Desta fora, segundo o diretor do ANDES-SN, com representação em 2/3 dos colegiados, seria possível pedir o afastamento do reitor, via uma ação interna.

Coimbra destacou também o apoio da população local ao movimento grevista. “A cidade vem contribuindo com alimento, diesel para os geradores de energia, entre outras coisas. O envolvimento social vem crescendo e mostra a preocupação da população com os rumos da Universidade”, completou.


Fonte: ANDES-SN, com informações da ALE/RO



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