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Prestes a tomar posse, Bolsonaro e família são alvos de movimentação financeira suspeita



Data: 11/12/2018

Não é só o futuro ministro Onyx Lorenzoni (DEM), acusado de uso de Caixa 2, que ofusca e traz a suspeita de corrupção ao governo de Jair Bolsonaro (PSL), prestes a tomar posse. O próprio presidente eleito se viu essa semana no centro de uma situação bem questionável após vir a público uma movimentação financeira envolvendo seu filho e sua esposa.

Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (
Coaf) apontou movimentações bancárias suspeitas na conta de Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador eleito Flávio Bolsonaro (filho mais velho do presidente eleito), no valor de R$ 1,2 milhão, em 2016. Entre as operações, houve um depósito de R$ 24 mil em cheque para Michele, esposa de Jair Bolsonaro.

As movimentações foram consideradas “atípicas” pelo órgão. O relatório que cita Queiroz foi anexado à Operação Furna da Onça, da Polícia Federal. O Ministério Público do Rio de Janeiro instaurou uma investigação criminal sigilosa com base no relatório, que envolve membros do gabinete de 22 deputados estaduais, entre eles Flávio Bolsonaro.

Desde que o relatório foi divulgado na semana passada, Bolsonaro e seus filhos não deram uma resposta convincente. Bolsonaro disse que o cheque à Michele foi pagamento de um empréstimo. Contudo, novas informações seguem surgindo, o que levanta cada vez mais suspeita.

Com base no relatório do Coaf, é possível verificar que os maiores saques bancários feitos por Queiroz durante o ano de 2016 foram precedidos de depósitos de valores no mesmo patamar. Esse tipo de movimentação é característico de uma conta de passagem, na qual o real destinatário do valor creditado não é o seu titular. O uso de dinheiro em espécie nas duas pontas da operação reforça esse indício.

O jornal O Globo foi a casa onde mora Queiroz e verificou que o assessor, que movimentou R$ 1,2 milhão em um ano, vive num local simples, na Taquara, zona oeste do Rio de Janeiro, nada compatível com os valores movimentados.

Segundo a revista Época, o presidente eleito e seus três filhos dizem acumular R$ 6,1 milhões em bens, apesar de viverem exclusivamente de seus salários (exceto Flávio que também é sócio de uma fábrica de chocolates). Porém, todos tiveram uma curva de crescimento patrimonial acentuada. A família é dona de 13 imóveis no Rio de Janeiro que somam, em valor de mercado aproximado, R$ 15 milhões pela localização privilegiada.

“Para um governo que nem começou, ter um futuro ministro confesso de ter usado dinheiro de Caixa 2 da Odebrecht, e ter o nome e de sua família envolvendo em movimentações financeiras suspeitas, é muita contradição. Principalmente, para quem se elegeu com o discurso de combate à corrupção”, avalia o integrante da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas, Paulo Barela.

“Bolsonaro enche a boca para dizer que é o novo, mas montou o governo com denunciados e envolvidos com denúncias de corrupção e irregularidades e ele próprio não sabe dar uma explicação convincente para esse caso do Coaf. Não são apenas os ataques aos direitos dos trabalhadores que o novo governo parece que vai manter. A corrupção também já demonstra que seguirá em curso”, criticou.

Fonte: CSP-Conlutas



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