Data: 30/10/2018
Ao menos dez indígenas da etnia Guarani-Kaiowá ficaram feridos após serem atingidos por tiros e balas de borracha na manhã de domingo (28), em um acampamento ao lado da aldeia Bororó, no município de Dourados (MS). Segundo os indígenas, por volta das 6 horas, cerca de 30 homens chegaram ao local derrubando os barracos e atirando indiscriminadamente.
“Eles trouxeram até um trator para derrubar os barracos. Aqui tinha crianças dormindo que quase morreram atropeladas ou baleadas. Pegaram a gente de surpresa. Uns dez índios receberam balas de borracha e outros dois foram baleados com tiros de verdade nas pernas”, disse uma das testemunhas, segundo o Jornal do Ônibus de Campo Grande.
A denúncia é de que pelo menos 35 barracos foram destruídos. Ouvidos pelo Campo Grande News, moradores da aldeia afirmam que o ataque partiu de seguranças contratados por proprietários das terras nos arredores da reserva.
De acordo com uma jovem de 19 anos, que pediu ao Correio do Estado para não ser identificada, o ataque começou por volta das 4 horas, no local em que os indígenas estavam acampados. “Eles chegaram em três caminhonetes e um trator. Era muito homem. Derrubaram tudinho os barracos, levaram panelas, essas coisas. O que tinha de alimento eles cortaram e derramaram tudo no chão, o povo estava fazendo chicha e eles derramaram tudo”, contou.
A jovem diz que aproximadamente 15 pessoas ficaram feridas, sendo duas por armas de fogo, que precisaram ser levadas para o hospital. Uma criança de nove anos também teria sido atingida pelos tiros. “Eles já chegaram dando tiro na gente e não tinha pra onde correr. Era tiro com bala de verdade e bala de borracha pra todo lado. Eles só pararam quando a Polícia Militar chegou”, disse.
Procurada pelo Correio do Estado, a PM informou que esteve no local apenas para dar apoio ao Corpo de Bombeiros, no atendimento a uma vítima de disparo de arma de fogo. “A gente não sabe se foi uma retomada ou alguma outra situação. Ainda não consegui confirmar nem se a vítima, de fato, foi ferida por arma de fogo”, disse o comandante da PM, tenente-coronel Carlos Silva.
A reportagem também afirma ter procurado a Polícia Federal, responsável pela segurança em casos envolvendo indígenas, mas a informação foi de que o delegado de plantão, que poderia prestar esclarecimentos, havia saído para votar.
Esse foi o segundo ataque às comunidades indígenas sul-mato-grossense em 20 dias. No dia 6, vários indígenas ficaram feridos com balas de borracha no ataque feito por homens que estavam em caminhonetes e num trator. Os povos indígenas em luta reivindicam a demarcação de terras nos arredores das aldeias de Dourados, que ficam ao norte do município.
ICMBio e Ibama são atacados
Nas últimas semanas também houve uma série de ataques a sedes e carros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em estados do norte do país, como Pará, Amazonas e Rondônia. O governo federal enviou a Força Nacional à região para tentar conter os ataques.
Com edição e inclusão de informações de ANDES-SN. Imagem de Correio do Estado.
Fonte: CSP-Conlutas
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