Data: 25/10/2018
Segundo dados da Procuradoria Geral do Trabalho, nas eleições deste ano, foram registradas 199 denúncias em 14 estados do país relacionadas à coação eleitoral, prática em que donos de empresas ou superiores assediam e ameaçam trabalhadores para tentar direcionar o voto em determinados candidatos.
Reportagem da Agência Pública, com base em denúncias tornadas públicas pelo Ministério Público do Trabalho, de um total de 60 empresas denunciadas pelo país, em 57 foi possível identificar a motivação eleitoral: 28 foram a favor de Bolsonaro e apenas uma foi contra o candidato. Nos demais casos, 25 ainda estão sob sigilo ou não há conclusão de quem se beneficiou da prática e outros três casos foram a favor de parlamentares.
Ainda de acordo com a reportagem, há casos de comunicados e camisetas idênticos distribuídos em empresas diferentes, o que indica uma articulação conjunta entre os empresários.
São vários casos relatados. O mais conhecido talvez seja do dono da rede Havan. Luciano Hang divulgou vídeos e chegou ao ponto de organizar eventos com funcionários em que declara seu voto no candidato do PSL, e sugere que, caso ele não ganhe, o futuro da Havan e de seus empregados estará em risco. O constrangimento imposto aos funcionários é revoltante.
Em outro caso em Santa Catarina, o presidente da empresa de ar-condicionado Komeco constrange seus funcionários, por áudio, a usar camisa e broches de Bolsonaro. No Paraná, a rede de supermercados Condor usou cartas para pedir a seus colaboradores que votem em Bolsonaro.
O discurso de terrorismo e ameaça também foi adotado pelo Grupo K1, que enviou carta aos funcionários.
Segundo procurados do MPT, o número de denúncias nas eleições deste ano é inédito e ocorreu de diversas formas, como cartas, vídeos, e-mails, Whatsapp e pessoalmente com a participação direta dos proprietários das empresas. A prática é crime.
Para o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Paulo Barela a postura desses empresários merece todo o repúdio. “É absurdo que essas empresas tentem coagir e chantagear os trabalhadores para votar em qualquer candidato que seja, principalmente, em um que já deu várias declarações contra a classe trabalhadora, como Bolsonaro”, afirmou.
“Bolsonaro já disse várias vezes que direitos trabalhistas são prejudiciais aos empresários; seu vice, o general Mourão, criticou o 13° salário e as férias e o candidato já anunciou que pretender fazer a Reforma da Previdência. Se depender dessa corja, voltaremos ao tempo da escravidão. É preciso repudiar essa prática, que é crime, assim como Bolsonaro e todos os candidatos que são inimigos dos trabalhadores”, disse Barela.
Fonte: CSP-Conlutas |