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Absurdo: famílias mais pobres chegam a consumir 50% da renda com gás de cozinha



Data: 27/07/2018

A nota técnica 195 divulgada essa semana pelo Departamento Intersindical de Estudos Sócio-Econômicos (Dieese) traduz em números o drama das famílias brasileiras de baixa renda diante da atual política de reajustes de preços adotada pela Petrobras. Segundo o estudo, os trabalhadores mais pobres e suas famílias chegam a consumir 50% da renda para comprar um botijão de gás de cozinha.

Com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2017, o Dieese destaca que os rendimentos das famílias pertencentes ao estrato dos 10% mais pobres da população variam de R$ 117,04 (Maranhão) a R$ 773,97 (Santa Catarina). Considerando o preço do GLP (Gás Liquefeito de Petróleo) em junho, o preço do botijão de 13 kg pesou 59,0% para as famílias que vivem no Maranhão, enquanto 8,9% em Santa Catarina. O peso do produto no orçamento também superou os 50% em estados como o Acre (51,5%) e Sergipe (50,7%).

Ainda de acordo com o levantamento, cerca de 13,7 milhões de famílias participantes do programa Bolsa Família, que recebem benefício médio de R$ 178,04, comprometem cerca de 40% do valor que ganham na compra do botijão de 13 kg.

Os reajustes médios para o consumidor, nas principais unidades da Federação, variaram entre 26,29%, no Maranhão, a 6,70%, no Amapá, segundo os dados da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), que realiza levantamento semanal do preço do gás GLP.

No município de São Paulo, entre julho e dezembro de 2017, houve aumento em quase todos os meses (exceto em agosto), acumulando alta de 20,35%. Com os reajustes de 2018, até junho, a elevação acumulada é de 26,91%, conforme coleta de dados do Índice do Custo de Vida do Dieese, realizada em três das principais distribuidoras da cidade.

A política da Petrobras

A escalada no preço do gás, assim como dos combustíveis, é fruto da política da Petrobras, não só de reajuste que acompanha as variações do mercado internacional, mas também de uma postura deliberada em sucatear a capacidade produtiva da empresa. Essa política de sucateamento no que se refere ao gás significa reduzir a produção no país, enquanto se aumenta a importação.

De acordo com a Nota Técnica do Dieese, o Brasil consome, em média, 1,11 milhão de m³ de GLP por mês, quantidade que se mantém há anos. A capacidade de produção do país, entretanto, tem se reduzido.

Nos primeiros meses de 2018, houve queda na produção nacional de cerca de 800 mil m³/mês para 670 mil m³/mês. A redução acontece por conta da recente decisão da direção da Petrobras de reduzir a participação da estatal no abastecimento nacional e, consequentemente, a produção em refinarias.

Por outro lado, cresce a importação de GLP. As importações de GLP, nos primeiros quatro meses de 2018, cresceram 67,9% em relação ao mesmo período do ano passado. Assim, a dependência brasileira em relação à importação de GLP para o abastecimento do consumo interno saltou de 24%, nos quatro primeiros meses de 2017, para 40%, no mesmo período de 2018.

Só a luta pode mudar essa situação

Muitas matérias veiculadas na imprensa têm mostrado o drama das famílias dos trabalhadores e dos mais pobres que, diante da alta do gás, voltaram a cozinhar com combustíveis alternativos. Segundo o IBGE, em 2017, 1,2 milhão de residências no Brasil passaram a adotar a lenha e o carvão para cozinhar alimentos, o que provocou o aumento no número de acidentes domésticos, como queimaduras.

No último dia 5 de julho, a Petrobras anunciou um novo reajuste de 4,40% no GLP, em média, nas refinarias. Ou seja, se depender da empresa e do governo Temer, essa situação vai continuar e pode até se agravar.

Para reduzir o preço do gás de cozinha, assim como da gasolina e demais combustíveis, é preciso por fim à atual política de preços da Petrobras que, a serviço dos acionistas estrangeiros, pratica reajustes abusivos.

“A luta contra a alta no preço dos combustíveis é um dos principais eixos do Dia Nacional de Paralisações e Manifestações, convocado pelas centrais sindicais para o próximo dia 10 de agosto. Vamos fazer um dia de paralisações nos locais de trabalho, protestos e manifestações em todo o país, para dizer um basta aos ataques dos governos e patrões e em defesa das reivindicações dos trabalhadores e do povo pobre”, explica o dirigente da Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas Paulo Barela.

Fonte:
CSP-Conlutas



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