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Crise social, política e econômica dá origem a carnaval politizado



Data: 15/02/2018

A noite de domingo de carnaval, na cidade do Rio de Janeiro, foi marcada por mais uma demonstração da força da disposição de luta dos trabalhadores. Essa força se transformou em pressão social e a cúpula dirigente da Escola de samba Paraíso do Tuiuti teve que se dobrar. Nenhum dos cartolas que dirige a Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro esperava o que aconteceu.

A garra para enfrentar as reformas neoliberais dos patrões é alimentada pela insatisfação com os sucessivos ataques dos governos, da justiça e do aumento da violência. Isso se expressou na letra do samba enredo que incendiou a Marquês de Sapucaí.

A comunidade do Morro do Tuiuti veio para frente das câmeras da mídia mundial para afrontar o imperialismo, com suas exigências de redução de direitos. Para enfrentar os patrões, que acham que podem tudo por serem donos do capital. Também veio desacatar o governo e congresso corrupto.

Como nas antigas senzalas a dança, os movimentos do corpo, libertaram o grito dos guerreiros que não aceitam a redução dos poucos direitos trabalhistas conquistados com muito sangue.

Esse grito também é de vingança não só pelos assassinatos cometido pela democracia dos ricos nas comunidades e bairros pobres, mas também pela morte de milhares de índios e negros escravos, no genocídio da Batalha Naval do Tuiuti, na guerra do Paraguai. Nós nunca esqueceremos.

Mas o fato não foi um raio em céu azul. Desde as primeiras horas em que começou o carnaval houve demonstrações de que a classe trabalhadora não vai aguentar o ajuste fiscal que só ataca os mais pobres aprofundando as desigualdades sociais. Mesmo com um forte esquema de repressão e policiamento os blocos independentes invadiram as ruas da cidade maravilhosa. Tal fato evidenciou que os trabalhadores mais precarizados, aqueles que têm os piores trabalhos e salários, se sentiram à vontade para fazer parte da festa. Como exemplo simbólico: um desses blocos ocupou o pátio interno do Aeroporto Santos Dumont. Uma praça interna do aeródromo restrita aos passageiros que foi transformada em salão de grito de carnaval e de manifestação contra o prefeito Marcelo Crivella (PRB) e o presidente Michel Temer (PMDB).

Essa onda de garra para buscar seu espaço amedrontou o prefeito, que foi para a Europa e o governador, que se escondeu numa pequena cidade do sul fluminense.

Michel Temer, retratado como o vampiro neoliberalista pelo enredo da Tuiuti, se refugiou na distante Restinga da Marambaia, cercado por militares da Marinha. Essas e outras figuras, identificadas como autoridades, sempre apareciam nos caros camarotes do sambódromo ostentando um luxo pago com dinheiro público.

O que assusta essa gente e a elite escravocrata brasileira é que esses sintomas de uma rebelião social não ficam retidos nas fronteiras do estado fluminense. O mesmo fenômeno tomou o país de norte a sul, de leste a oeste. O grito de Fora Temer se ouviu em todos os lugares, inclusive em regiões fora do país.

A forte crise social, política e econômica deu origem ao carnaval mais politizado das duas últimas décadas. E não se trata especificamente de uma escola de samba ou de um ou outro bloco de rua, mas sim de uma legítima indignação que a superestrutura desse país não representa, seja o governo, o legislativo, o judiciário, as empresas de mídia e toda a classe dominante.

O resultado da apuração das notas dos juízes que avaliaram o desfile mostra, de forma distorcida, que a classe está pronta para derrotar os planos de ajuste fiscal do imperialismo e as reformas dos governos. O que falta é o fim da vacilação de todo um setor que dirige os vários movimentos sociais, entre estes, também a cúpula das centrais.

Estas castas burocráticas seguem negando a possibilidade da construção de uma greve geral. Um movimento unificado de toda a classe para potencializar todas as lutas e iniciar a construção de uma saída da classe trabalhadora para crise do capitalismo brasileiro. Não uma saída eleitoreira que escolherá o próximo capataz, mas sim uma que atenda as necessidades e interesses do conjunto da classe trabalhadora e do povo.

O carnaval de 2018 mostrou, mais uma vez, claramente, que é possível derrotar a reforma da previdência e construir um forte dia luta neste 19 de fevereiro. Nos locais de trabalho, de moradia e de estudo segue o grito de insatisfação. Por baixo mora a energia que alimenta a rebelião! E como diz a letra do samba enredo: “Não sou escravo de nenhum senhor; Meu Paraíso é meu bastião; Meu Tuiuti, o quilombo da favela que é sentinela da libertação!”

Fonte: CSP-Conlutas



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