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Policiais armados retiram famílias de ocupação Irmã Helena sem aviso prévio



Data: 20/10/2017

Cerca de 50 policiais militares fortemente armados retiraram 107 pessoas, incluindo crianças, da ocupação Irmã Helena, na manhã desta sexta-feira (20), de um terreno na Avenida Humberto Calderaro Filho, no bairro Adrianópolis. Os integrantes da ocupação tinham uma reunião marcada, nesta sexta, com representantes da Superintendência Estadual de Habitação (Suhab) para definir o destino das famílias e foram surpreendidas às 5h com a remoção que não teve resistência por parte das 40 famílias que estava no local há dois anos e meio.

“No governo anterior, nós já tínhamos nos reunido e ficou acertado que iríamos sair daqui para moradias, mas com o Temer isso foi diluído (...) Hoje, a gente tinha uma reunião com a Suhab para decidir para onde nós íamos. Semana passada fizemos o cadastro das famílias. E aí eles chegaram com a polícia para a reintegração de posse”, informou o coordenador da Ocupação Irmã Helena, Lamartine Silva, o “Lamar”, acrescentando que “o despejo é uma violência, pois entrar armado para retirar famílias e crianças é uma forma de violência”.   

O 2º vice-presidente da ADUA, professor Welton Oda, esteve no local, durante a desocupação, para prestar apoio às famílias. “Levamos pupunha e banana para distribuir e os policias tentaram barrar a entrar de alimentos, além disso, as pessoas estavam transtornadas pois havia sido acordado que haveria uma reunião com a Suhab para definir os termos da saída deles de lá, mas o que aconteceu foi traição no lugar de negociação (...) quiseram passar um verniz de humanidade com a presença de assistentes sociais, mas na verdade é um governo populista querendo parecer bonzinho e acabou sendo sórdido”, disse.

Aluguel Social

As famílias foram encaminhadas para quitinetes nos bairros do Coroado, Petrópolis e São José, com a promessa de aluguel social, segundo Lamar. “Eles prometem seis meses de aluguel social, mas sabemos como aconteceu na (ocupação) Arthur Bernardes, com o tempo joga todo mundo na rua, começa a atrasar o pagamento...”, comentou o coordenador da Ocupação Irmã Helena.

A opinião é a mesma da Coordenadora do Movimento Nacional de Luta pela Moradia (MNLM), Neila Gomes, que acompanhou a remoção das famílias. “O aluguel social, a gente sabe que o Estado não tem mantido o compromisso, aconteceu assim em Bariri e na Arthur Bernardes. Eles só querem se livrar do problema, apenas dar uma resposta imediata, nos prometendo inserção nos imóveis que foram devolvidos ou retomados do Viver Melhor”, afirmou.

Em torno de 50 policiais da Ronda Ostensiva Cândido Mariano (Rocam), da PM, estavam envolvidos na operação, não quiseram passar informações e impediram a entrada da reportagem no local. De acordo com o responsável pela integração de posse do terreno, o oficial de Justiça, Mário Fernandes, as pessoas da ocupação foram avisadas antecipadamente, o que foi negado pelos coordenadores. “Fomos surpreendidos, não houve resistência, até porque seria irresponsável da nossa parte, muitas crianças, inclusive recém-nascido, e eles vieram bem armados”, disse Neila Gomes.

O nome da ocupação faz referência, segundo “Lamar”, à freira negra chamada Helena, que comandou várias ocupações na zona norte de Manaus, principalmente no bairro Santa Etelvina.

Fotos: Daisy Melo e André Moraes

Fonte: ADUA



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