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  26/11/2025



Maioria da violência doméstica praticada em 2025 ocorreu na presença de crianças



 

 

Em 2025, 3,7 milhões de brasileiras sofreram violência doméstica ou familiar, aponta a Pesquisa Nacional de Violência contra a Mulher, do Instituto de Pesquisa DataSenado. O levantamento revelou que a maioria das agressões ocorreu na presença de outras pessoas. Do total, 71% das mulheres afirmaram que havia crianças presentes durante a agressão, sendo uma parcela significativa os(as) filhos(as) das vítimas.

 

O levantamento ouviu mais de 21 mil mulheres entre maio e julho deste ano. Os dados foram divulgados no dia 24 de novembro, véspera do Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher, e serão apresentados nesta quinta-feira (27) em sessão especial do Senado.

 

Pela primeira vez, a pesquisa investigou a presença de outras pessoas no momento das agressões e apurou que, em 40% dos casos, nenhuma testemunha ofereceu ajuda. “O fato de 71% das mulheres serem agredidas na frente de outras pessoas, e, dentre esses casos, 7 em cada 10 serem presenciados por, pelo menos, uma criança, mostra que o ciclo de violência afeta muitas outras pessoas além da mulher agredida”, observou o coordenador do Instituto de Pesquisa DataSenado, Marcos Ruben de Oliveira.

 

Declarada e vivenciada

 

O estudo aponta discrepância entre a violência declarada e a vivenciada. Isso é revelado devido à aplicação da pesquisa em dois blocos. No primeiro, são feitas a todas as mulheres sua percepção sobre violência. “Depois as perguntas são encadeadas até chegar à pergunta se essa mulher sofreu violência. A partir dali, começa um bloco das mulheres que viveram de fato a violência”, explicou a coordenadora do Observatório da Mulher contra a Violência, Maria Teresa Prado.

 

Embora muitas mulheres relatem situações como insultos, humilhações e ameaças, 33% vivenciaram, pelo menos, uma das 13 formas de violência apresentadas na pesquisa, mas parte delas não se reconhece como vítima na pergunta direta.

 

O levantamento estimou ainda que 17% das vítimas de agressão mais grave provocada por homens estão convivendo com o agressor no momento da entrevista. O índice é mais elevado (19%) entre as mulheres que não trabalham fora de casa. As agressões costumam começar quando as mulheres ainda são muito jovens: a maior parte das entrevistadas (38%) disse que foi agredida pela primeira vez até os 19 anos.

 

Violência digital

 

Outro dado relevante foi que 10% das mulheres afirmaram ter sofrido algum tipo de agressão on-line ou por meios eletrônicos, como mensagens ofensivas recorrentes, criação de perfis falsos ou invasão de contas.

 

A maioria das vítimas não busca ajuda formal. O principal motivo para não denunciar é a preocupação com os filhos (17%), seguido por descrença na punição (14%) e confiança de que seria a última agressão (13%). As primeiras redes de apoio continuam sendo amizades, parentes e igreja, enquanto permanece reduzida a procura por delegacias da mulher, delegacias comuns ou serviços como o Ligue 180.

 

Percepção

 

A percepção geral sobre o cenário é pessimista: 79% das brasileiras acreditam que a violência contra a mulher aumentou no último ano, e 71% consideram o Brasil um país muito machista.

 

Mesmo com amplo conhecimento sobre a Lei Maria da Penha, apenas 19% afirmam conhecer bem a legislação, embora a maioria avalie que ela protege as mulheres integral ou parcialmente. Mas, em relação a 2023, a crença das brasileiras na proteção da lei diminuiu. O desconhecimento sobre a Lei Maria da Penha é maior entre mulheres com menor renda e escolaridade.

 

Outra novidade da pesquisa deste ano foram as perguntas sobre a solicitação de medidas protetivas por vítimas de violência doméstica e se essas medidas foram observadas. A grande maioria (62%) não pediu medidas protetivas; 17% pediram essa medida protetiva e ela foi descumprida, e 20% tiveram a medida protetiva totalmente atendida.

 

No total, foram entrevistadas por telefone 21.641 mulheres de mais de 16 anos em todas as Unidades da Federação. O levantamento de 2025 passou a incluir mulheres trans e aprofundou a investigação sobre violência declarada, agressões digitais e recorrência dos atos. A edição deste ano foi feita em conjunto com o Instituto Nexus.

 

Fontes: ANDES-SN e Agência Senado com edição da ADUA

 

Foto:  Rovena Rosa/Agência Brasil



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