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Em Manaus, mulheres protagonizam mobilização contra a reforma da Previdência



Data: 09/03/2017

Na tarde desta quarta-feira (8), Dia Internacional da Mulher, ruas do Centro de Manaus foram palco de mais uma mobilização histórica contra a retirada de direitos defendida pelo governo federal. A Marcha das Mulheres reuniu cerca de mil pessoas que se manifestaram contra a reforma da Previdência, o machismo, a violência e pela igualdade de direitos entre os gêneros.

A concentração teve início às 15h na Praça da Saudade. Ali, trabalhadoras e estudantes assistiram ao pronunciamento de ativistas pelo combate à violência obstétrica, contra o modelo de conduta misógino do mercado de trabalho e a aumento da idade da aposentadoria. Sob o ritmo dos tambores do grupo Maracatu Baque Mulher, a manifestação partiu em direção
à Praça da Polícia.

Durante a paseata, representantes de movimentos sociais ligados à Frente de Lutas “Fora Temer” Manaus, que promoveu o ato e da qual a ADUA faz parte, tentaram esclarecer a população acerca dos efeitos da reforma da Previdência na vida das mulheres. A proposta não leva em conta a condição específica da mulher no ambiente de trabalho, e, além disso, rejeita seu papel na criação dos filhos e na gestão do lar, o que caracteriza uma dupla jornada.

Falácia
 

De acordo com a presidente da Comissão de Direito Previdenciário da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Michelle Fascini, o argumento do “rombo na previdência” usado para justificar a reforma consiste numa falácia. “A Associação Nacional de Auditores Fiscais da Receita Federal afirma que o déficit existe apenas nos cálculos do governo, que não inclui nessa análise das receitas e despesas todos os tributos dispostos na Constituição Federal. O principal problema é a Desvinculação das Receitas da União, que possibilita que o orçamento da seguridade social seja direcionado ao pagamento da dívida pública”, explica.
 
Michelle observa ainda que a desoneração da folha de pagamento e a cobrança, por parte do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), de empresas devedoras são alguns dos recursos disponíveis para a obtenção de receitas. “Só que, num primeiro momento, a cobrança recai sobre a parcela mais pobre da população. Se o dinheiro fosse investido em saúde, educação e seguridade, a receita registraria um índice superavitário”, complementa.
 
Na opinião da integrante da Rede Um Grito Pela Vida (vinculada ao Fórum Permanente de Mulheres), Eurides Oliveira, a tentativa de equiparar a idade entre homens e mulheres e a retirada de direitos das trabalhadoras rurais são alguns dos pontos críticos da reforma. “Falta uma discussão sobre nossos direitos específicos no planejamento da aposentadoria. Além do trabalho formal, a mulher tem que executar uma série de atividades dentro de casa”, analisa. “Por isso, devemos intensificar nossos atos de resistência e, se possível, ocupar as agências do INSS”.

Ativismo

Para Maria Moraes, estudante do curso de Pedagogia da Ufam e integrante do Maracatu Baque Mulher, a expressão artística pode se converter numa forma de ativismo. “O baque mulher nasceu numa comunidade em Pernambuco, onde, além dos elevados casos de violência contra a mulher, havia a imposição de que apenas os homens poderiam tocar o ritmo. Nossa participação neste ato junto ao Maracatu Pedra Encantada, onde também atuo, teve como objetivo chamar a atenção da causa da mulher negra”, explica Maria.

A Marcha das Mulheres integrou uma programação que começou na madrugada de ontem, com paralisação no Distrito Industrial e panfletagem na feira da Manaus Moderna. O encerramento do ato foi marcado por apresentações de artistas locais, na Praça da Polícia.

Além da ADUA, participaram da marcha a seção amazonense da União Brasileira de Mulheres UBM), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Nova Central Sindical (NCST), Mulheres Contra a Reforma da Previdência, entre outros.

A participação dos docentes no Dia Nacional de Luta em defesa da Mulher Trabalhadora foi aprovada no 36° Congresso do ANDES-SN, que ocorreu em janeiro deste ano em Cuiabá (MT). O Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe) também indicou adesão ao 8 de março, assim como a data também foi aprovada pela coordenação da CSP-Conlutas.

Fonte: ADUA
 



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