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ADUA é alvo de autoritarismo ao apurar uso de máquina em campanha para reitor da Ufam



Data: 07/02/2017


Na tarde desta segunda-feira (6), a ADUA teve acesso a uma denúncia de uso da máquina em pleno período de processo de consulta para Reitoria da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), gestão 2017-2021. Trata-se de uma convocatória para a Reunião Ordinária do Departamento de Morfologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), marcada para as 14h desta terça-feira (7), em que consta uma referência à participação dos professores Hedinaldo Lima e Nikeila Conde, candidatos, respectivamente, a reitor e vice-reitor em uma das três chapas concorrentes na consulta.


A convocatória foi divulgada por vários professores nas redes sociais e chegou ao conhecimento da seção sindical também por aplicativos de comunicação instantânea. Com o objetivo de averiguar essa informação, um jornalista da ADUA se dirigiu ao Laboratório Didático de Biologia do Desenvolvimento, local onde ocorreria a reunião. Ao entrar na sala, porém, o repórter teve sua presença questionada por um professor do curso.

O repórter identificou-se e, baseando-se na prerrogativa do ofício de jornalista, argumentou que estava ali para checar uma denúncia sobre o processo eleitoral. O professor, no entanto, reagiu com agressividade, e sua manifestação foi apoiada por uma colega, que alegou que a reunião era fechada – o que salta aos olhos, em virtude de ocorrer em uma instituição pública e gratuita e, portanto, aberta a todo e qualquer cidadão.  

A quem interessa esse tipo de comportamento em uma instituição pública, gratuita e socialmente referenciada como a Ufam? Quem se beneficia com esse tipo de prática? Por que utilizar o espaço de uma reunião ordinária de um conselho departamental e anunciar a presença de uma das três chapas candidatas – por sinal a chapa formada por um dos integrantes da atual gestão? Se a reunião era particular, por que não foi realizada em um ambiente privado fora dos domínios da universidade e de qualquer outro espaço público? Qual a justificativa para a convocação e o “anúncio” dos integrantes de tal candidatura?

Lamentavelmente, o repórter não obteve essas respostas. A propósito, nem teve a chance de lançar os questionamentos, a serem direcionados ao proponente da convocatória, assinada pelo professor José Fernando Marques Barcellos.

Tanto o Regimento da Ufam, quanto o Estatuto da universidade não fazem qualquer menção de impedimento à participação de pessoas de fora dos cursos em reuniões de departamento ou de Conselhos, sendo vedado apenas seu poder de voto. Cabe lembrar que a equipe de jornalistas da ADUA cobre com frequência as reuniões do Conselho Universitário e traz à luz assuntos, muitas vezes, não divulgados pela Universidade.

Por outro lado, o artigo 12 do atual Regimento de Consulta à Comunidade Universitária da Ufam para Escolha de Reitor e Vice-Reitor – 2017/2021 é preciso. “As formas de divulgação das candidaturas e propostas de trabalho restringir-se-ão a debates, entrevistas, documentos, meios eletrônicos, panfletos, faixas, camisetas, adesivos e em veículos de comunicação de massa, neste último caso de forma gratuita, de modo a preservar o caráter de transparência, imprescindível a uma consulta desta natureza” (grifo nosso). O trecho integra o Capítulo IV - Da Propaganda e Divulgação da Consulta do referido regimento.

A diretoria da ADUA manifesta seu veemente repúdio a essa postura autoritária, que em absolutamente nada contribui para o processo, sobretudo quando, de norte a sul do país, a luta é pelos direitos democráticos e por transparência, diante de tantos escândalos de corrupção. Nesse sentido, a atitude de professores do Departamento de Morfologia indica uma coalizão estratégica de questionável lisura.

Em nota divulgada no dia 31 de janeiro, a ADUA já questionava as mudanças na composição da Comissão de Consulta, por considera-la suspeita e ilegítima. E deixou seu recado sobre o princípio que defende e do qual não abre mão. “A democracia, como valor universal, é uma construção que se faz com aqueles que pensam e agem sob o imperativo da participação coletiva e efetiva, e deve se materializar tanto no cotidiano da vida da universidade quanto no processo de escolha dos dirigentes da Instituição”.

Não custa lembrar que nesta segunda-feira (6) a Comissão de Consulta teve nova baixa com a saída do Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Superior do Estado do Amazonas (Sintesam), por também questionar a lisura do processo.


Fonte: ADUA



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