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Crise na USP põe em xeque o atual modelo do ensino



A imprensa noticiou essa semana que dois cursos da EACH (Escola de Artes, Ciências e Humanidades), campus da USP na zona leste de São Paulo, estão em crise e sofrendo mudanças apressadas no currículo. Como fica evidente em matéria publicada no Estadão, no último sábado (10/07), a perspectiva desses cursos é tão excessivamente estreita que eles acabam não servindo nem mesmo para inserir profissionais no mercado de trabalho a curto prazo.

Desde os primeiros anúncios da construção do campus da USP na zona leste, o projeto de uma USP de “segunda linha”, com cursos de caráter mais restrito e especializado que os cursos tradicionais, foi atacado por muitos estudantes da universidade.

Um dos primeiros projetos para a USP Leste revoltou os estudantes da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo por propor cursos de “arquitetura paisagística” e “arquitetura de interiores”. Ao contrário da formação ampla do arquiteto-urbanista, como no projeto original da FAUUSP, e que se alinha à tradição da arquitetura moderna e da Bauhaus, a proposta para a USP Leste era de cursos profissionalizantes fragmentados.

No mesmo sentido, no projeto pedagógico final, realizado para a abertura da EACH, ao invés de um curso de Medicina, ou mesmo de Enfermagem, foram criados cursos de Obstetrícia e Gerontologia.

Além do caráter estritamente mercadológico, um dos argumentos contra a fragmentação e o caráter técnico desses novos cursos era que os currículos certamente se tornariam defasados pouquíssimo tempo após a formação dos estudantes.

Agora, depois de dois anos da formação da primeira turma de Obstetrícia, os formados não conseguem emprego nem registro na entidade de classe, e a USP foi obrigada a sair correndo para fazer alterações no currículo. O curso terá a duração ampliada e o currículo amplamente alterado para que os formados sejam aceitos profissionalmente como enfermeiros. A situação é tão absurda que mesmo os já formados terão que cursar mais um ano para “revalidar” seus diplomas e tentarem uma sorte melhor no mercado.

Segundo o Estadão, a Comissão de Graduação da EACH já fala em mudanças semelhantes também no curso de Gerontologia.

Quanto tempo demorará até que crises como essa atinjam outros cursos, na USP e em todas as universidades que “inovam” com essas faculdades de “formação superior em calçados”, “tecnologia sucro-alcooeira”, “gestão ambiental e agronegócio” ou “tecnologia têxtil e da indumentária”?

Fonte: Movimento Negação da Negação



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