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  24/09/2024



Dois indígenas são assassinados em menos de uma semana no Mato Grosso do Sul



 

 

Dois jovens indígenas Guarani Kaiowá foram assassinados, em menos de uma semana, na Terra Indígena Nhande Ru Marangatu, no Mato Grosso do Sul (MS). O adolescente Fred Morilha, de 16 anos, e o jovem Neri Guarani Kaiowá foram mortos a tiros no dia 23 e 18 de setembro, respectivamente, na região que está em conflito devido ao processo de retomada de terras pelo povo indígena.

 

Fred Morilha foi assassinado enquanto aguardava o ônibus que o levaria à escola dois dias depois que representantes do Ministério dos Povos Indígenas e da Funai haviam visitado o território. Já o jovem Neri tinha sido alvejado por tiros no dia 18 e seu corpo, segundo relatos, foi retirado da cena do crime por policiais militares. A atuação da PM contra o povo indígena foi autorizada pela Justiça Federal de Ponta Porã para a proteção de propriedade privada.

 

A morte de Neri aconteceu cinco dias após a Missão de Direitos Humanos, organizada pelo Coletivo de Solidariedade e Compromisso aos Povos Guarani, visitar o local. Um outro ataque já havia ocorrido no dia 12 de setembro e que deixou três indígenas baleados.

 

 

Desde o final de julho, a violência de pistoleiros contra o povo aumentou devido ao início do processo de retomada em fazendas. O povo Guarani Kaiowá denunciou, em agosto, ao Ministério da Justiça a atuação das milícias do agro e requisitaram o desmonte dos acampamentos que cercavam os indígenas e a investigação dos envolvidos. O cerco promovido pelos milicianos também impedia a chegada de recursos e alimentos. Segundo reportagem do The Intercept, cerca de 30 crianças chegaram a sofrer com a fome e a falta de medicamentos.

 

“Denunciamos as contínuas violências contra nossa comunidade Guarani Kaiowá no Território Nhande Ru Marangatu. Nessa duas semanas já foram assassinados dois jovens, onde milícias do agronegócios estão tirando a vida de nossos jovens”, afirmou em carta aberta o coletivo Aty Guasu da juventude Guarani Kaiowá.

 

“Queremos investigações concretas do Estado Brasileiro. Vamos continuar defendendo nosso Tekoha Guasu mesmo que isso custe nossa vida. Por isso, manifestamos nosso mais profundo sentimento pela perda tão dolorida dos nossos parentes e amigos mais próximos dos parentes. Chega de matar nossos jovens”, conclui o coletivo no documento.

 

Território

 

De acordo com reportagem da Folha de São Paulo, apesar de Roseli Ruiz ser dona da Fazenda da Barra e responsável pela invasão dos territórios históricos dos Guarani Kaiowá, ela foi uma das pessoas indicadas para Comissão de Conciliação sobre o Marco Temporal no Supremo Tribunal Federal (STF). A fazendeira foi indicada pela bancada ruralista composta, principalmente, por parlamentares do PL, PP e Republicanos.

 

Roseli é conhecida por relatórios contrários às demarcações e também responsável por organizar a ação de um grupo de pistoleiros, em 2015, que resultou na morte de um Guarani Kaiowá na região. A filha de Roseli, a advogada ruralista Luana Ruiz, é responsável pelo pedido na Justiça que autorizou o uso da Polícia Militar contra os indígenas, tendo ainda cargo de assessora da Casa Civil do Governo do Mato Grosso do Sul.

 

Fontes: CSP Conlutas, The Intercept e Folha de São Paulo



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