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Professores da Ufam cobram providências sobre água contaminada no INC



Data: 05/05/2016

Docentes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em Benjamin Constant cobram providências da Administração Central quanto à água contaminada utilizada no Instituto Natureza e Cultura (INC). Laudo da Vigilância Sanitária do município confirma a presença de coliformes fecais na água usada na unidade acadêmica. A coleta das amostras foi realizada no dia 7 de abril e até o momento, de acordo com professores, nenhuma providência foi tomada.

O laudo técnico do laboratório Vigiagua foi encaminhado à Vigilância Sanitária de Benjamin Constant no dia 8 de abril, com o resultado das análises de controle e vigilância da qualidade da água para consumo naquela unidade acadêmica.

De acordo com o documento, três dos quatro pontos de coleta analisados apresentaram coliformes, em desacordo com a Portaria nº 2.914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde. Nessa situação está a água coletada no açude, na pia do café e em um cavalete (torneira exposta). A análise também ocorreu em um bebedouro, localizado no bloco 1, no piso superior do prédio.

Não é a primeira vez que a unidade acadêmica de Benjamin Constant passa por essa situação. “Diante dos resultados das análises da água potável disponibilizada diariamente ao público por este estabelecimento de Ensino, a coordenação de Vigilância Sanitária recomenda aos gestores dessa Unidade que sigam a orientações constantes da Portaria MS 2.914/2011, e que também fiquem atentos às orientações anteriores, concedidas por essa Vigilância em documentos similares”, diz trecho de documento encaminhando pela Secretaria Municipal de Saúde, no dia 11 de abril, à direção do INC.

Preocupação

O caso foi divulgado publicamente durante o 4º Encontro das Seções Sindicais da Regional Norte 1 do ANDES-SN, realizado de 28 a 30 de abril, na capital. Professores do INC expuseram a situação no momento em que estava ocorrendo a mesa redonda “A Universidade Pública e os Desafios da Multicampia”, na sede da ADUA.

“Essa é uma situação muito grave. E o pior é que não houve em Benjamin Constant nenhum comunicado público sobre o assunto: a comunidade acadêmica não tem conhecimento do problema e continua usando a água”, afirmou o professor Josenildo Souza. Apesar de as refeições serem preparadas com água fornecida por uma empresa, o docente destaca que os utensílios da cantina são lavados com água proveniente do açude contaminado.

Souza também levanta preocupação com a água utilizada para higiene pessoal, oriunda da mesma fonte. “Eu levo água de casa para fazer higiene bucal, limpeza das mãos. Mas, muita gente continua usando, sem saber, a água que está com coliformes fecais”, disse. Ao tomar conhecimento do assunto, Josenildo enviou e-mail para a Diretoria Executiva da Ufam e para Ouvidoria, solicitando explicações. “Não recebi nenhuma resposta efetiva”, assinala o docente.

A professora Lisandra Rosas lamenta que a unidade acadêmica esteja passando, mais uma vez, por essa situação. “Houve uma época em que o restaurante universitário utilizava essa água para preparar as refeições. Foi feita a denúncia e a Vigilância Sanitária esteve lá. Mas, continuam utilizando água contaminada para lavar os utensílios”, disse.

Lisandra entende que o problema não é simples, entretanto requer solução rápida e tratamento efetivo tanto para a água consumida no INC como para a água descartada após o seu uso. “A gente passa o dia na universidade: a água é usada no banheiro, para lavar as mãos, escovar os dentes, porém não recebe tratamento algum. Isso tem que ser resolvido ‘para ontem’. Até agora a universidade não tomou nenhuma providência”, ressaltou.

A ADUA acolheu a manifestação dos docentes e encaminhou à Reitoria, no dia 27 de abril, ofício sobre o assunto, para as providências necessárias.

Professor aposentado da Ufam, o médico sanitarista Menabarreto França alerta: “essa água não pode ser usada de modo algum”. França afirma que o nível de preocupação com o problema deve ser máximo. “A falta de uma fonte de água potável, própria para uso, é uma afronta à saúde pública”, criticou. Ele não vê outras alternativas além da interdição do uso da água contaminada e da possibilidade de abastecimento do prédio por meio de carro pipa enquanto não houver solução efetiva para o problema.

O médico destaca que o açude recebe dejetos e é fonte das mais variadas doenças. “Hepatite A, amebíase, giardíase, salmonelose, só para citar algumas no grupo de doenças de veiculação hídrica. Em geral, provocam cólica intestinal, diarreia e febre”, explicou. O professor acredita ainda que se a análise fosse completa, poderiam ser identificados outros complicadores para a saúde dos usuários da Ufam.

Providências


O diretor do Instituto de Natureza e Cultura (INC), Ricardo Morais, diz que a contaminação deve-se à falta de materiais para tratamento de água, como cloro e reagentes. “No ano passado, fizemos uma solicitação para que a Pró-Reitoria de Administração (Proadm) nos enviasse os produtos. Porém, eles alegaram que o serviço de limpeza teria de ser realizado pelo próprio Instituto”, afirma Morais.

“Também solicitamos a construção de uma cisterna, pois a água fornecida pela empresa de abastecimento não é suficiente para preencher a caixa d´água. Mas, no que diz respeito a esse pedido, ainda não obtivemos resposta”, acrescenta. Ainda segundo Morais, entre as medidas cogitadas para solucionar o problema está a aquisição de uma estação de tratamento. "Outra estratégia é a implantação de um canal de ligação entre o Instituto e a empresa fornecedora".

A reportagem também procurou a Reitoria da Ufam, na tentativa de obter mais informações sobre as medidas adotadas para solucionar o problema, mas, até o momento, não obteve retorno.

Fonte: ADUA



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