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Faculdade de Medicina da Ufam cancela início de período para calouros



Data: 19/11/2015

A manutenção de múltiplos calendários após o fim da greve dos docentes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) vem causando problemas em várias unidades acadêmicas da instituição. O mais recente deles ocorreu na Faculdade de Medicina (FM), onde estudantes da 2ª turma de ingressos deste ano estavam tendo aulas mesmo sem condições. Para não incorrer em mais transtornos, a FM decidiu cancelar as atividades para os calouros. Os recém-ingressos só iniciarão a graduação no dia 04 de janeiro de 2016, quando está programada a abertura do segundo semestre letivo de 2015.

A decisão foi tomada em reunião extraordinária do Conselho Departamental (Condep) da FM com o Colegiado de Curso, realizada na última quarta-feira (11 de novembro), a pedido do diretor da unidade acadêmica, professor Dirceu Benedicto Ferreira, e do coordenador de curso, professor Alexandre Miralha. “A Faculdade de Medicina virou ‘um balaio de gato’”, criticou Dirceu, explicando como o caos se acentuou na Faculdade nas últimas semanas.

“A maioria dos professores do curso de Medicina não entrou em greve, mas tivemos docentes que aderiram à paralisação, portanto esses precisariam repor as aulas antes do início do período seguinte. Além disso, a maioria das disciplinas dos períodos iniciais do curso é ofertada pelo ICB [Instituto de Ciências Biológicas], que parou quase 100% na greve”, comentou Dirceu, sem entender por qual razão o curso de Medicina foi incluído na lista de cursos com condições de começar o semestre no dia 15 de setembro, conforme publicação na página da Ufam.

“Da noite para o dia incluíram [na lista] a FM como tendo condições de iniciar as atividades, sendo que tínhamos informações, repassadas por integrantes da Comissão que realizou um estudo sobre o calendário, de que a Faculdade estava impossibilitada de retomar as aulas ”, afirmou, categórico. Esse é um dos vários problemas que a unidade acadêmica enfrenta, segundo Dirceu.

De acordo com o diretor, integrantes da 2ª turma de ingressos no curso neste ano, formada principalmente por estudantes oriundos de outros Estados – e motivados pela informação contida no site institucional-, articularam o início das aulas, “indevidamente”, sem a anuência da coordenação, para aqueles que já estavam na cidade. “Se fizeram desconhecedores das normas da instituição”, criticou.

“Eles iniciaram as atividades em três das sete disciplinas ofertadas ao 1º período do curso, sem o nosso conhecimento. Estavam tendo aulas em uma disciplina oferecida pela Escola de Enfermagem, outra pelo ICE [Instituto de Ciências Exatas] e uma terceira, de Metodologia do Trabalho Científico, ministrada por uma professora substituta da FM”, disse.

Diante da instabilidade administrativa na Ufam, alguns estudantes não haviam chegado a Manaus. “Por conta da indefinição, 16 estudantes continuavam em suas cidades. Ou seja, precisaríamos repor as aulas para esse grupo. Cientes dos conflitos ocasionados por essa situação, que estava sobrepondo [atividades] e inviabilizando a vida dos próprios estudantes, os alunos votaram, em sua maioria, pelo cancelamento das aulas”, continuou.

Dirceu afirmou ainda que a FM precisava se reorganizar quanto à distribuição de salas, professores, equipamentos e cenários diversos antes de qualquer decisão que a incluísse no rol das unidades aptas a retomar os trabalhos. “Estamos vivendo um clima muito ruim na Faculdade. Há conflitos de toda ordem, com o direito individual cada vez mais exacerbado, como se o coletivo não valesse mais nada”, criticou.

Apesar de não ter apoiado a greve, o coordenador do curso, professor Alexandre Miralha, avalia que o segundo semestre letivo de 2015 só deveria começar, para todos, após a reposição das aulas que ficaram pendentes por conta da paralisação. “Eu inclusive fui a favor de não parar e concluir o primeiro semestre de 2015, para que não se perdesse aquilo que estava em andamento. Porém as coisas começaram a crescer muito e os movimentos ficaram muito acirrados. Como a gente faz para controlar os professores se todos estavam dizendo que podiam fazer o que quisessem? Como é que um aluno pode começar certas disciplinas se ainda devia pré-requisitos?”, questiona, levantando preocupação com a qualidade do aprendizado.

Miralha afirma ainda que a coordenação está engendrando esforços para mediar todos os conflitos na FM. “É uma situação muito complicada”, repetiu, três vezes, ao revelar que esse imbróglio o fez pensar em abrir mão da função. “A gente vai ter que conviver com essa situação”, ameniza. O docente acrescenta que só deve haver um alinhamento no início das aulas para todos os estudantes na FM em maio de 2016, quando está prevista a abertura do 1º semestre do próximo ano. “O aprendizado num ambiente de estresse não é legal. Não é o que a gente quer. Aos poucos a gente vai tentar organizar a casa”, encerra.

A decisão da FM, impulsionada pelos próprios estudantes no exercício da autocrítica, é um sinal positivo na reconstrução da unidade na diversidade da instituição, tomada por tanta insensatez nos últimos meses.

Imagem: Arquivo ADUA

Fonte: ADUA



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