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  30/10/2023



ADUA festeja 44 anos com formação política e música



 

 

Com formação política e música foram festejados os 44 anos da ADUA no dia 27 de outubro, na sede da Seção Sindical. As comemorações reuniram a Diretoria (gestão 2022-2024), sindicalizadas(os), estudantes, técnico-administrativas(os) e funcionárias(os) em uma noite especial pelas mais de quatro décadas da entidade e por um chamado à unidade com os povos da Amazônia em luta por suas vidas e territórios.

 

A programação teve início com a mesa de debates “As Engrenagens do Capitalismo na Amazônia e as Lutas por Emancipação”, comandada pelo convidado especial, o geógrafo e professor da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (Unifesspa), campus Marabá, Bruno Malheiro. Na mesa de abertura, o presidente da ADUA, Jacob Paiva, pediu um minuto de silêncio em memória da ex-presidente do ANDES-SN (gestão 2012-1014), Marinalva Oliveira, falecida no dia. “Uma mulher guerreira, combativa, forjada na luta”.

 

 

Em seguida, o docente fez a leitura da Carta de Princípios da ADUA, documento que define o que é a Seção Sindical e seus princípios gerais. Na Carta, as(os) docentes se propõem a lutar pela transformação da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) em uma universidade democrática, popular e amazônica. “Os docentes lutarão para que a UA (atual Ufam) se constitua num grande fórum de debates para discutir as problemáticas regionais e propor alternativas e soluções (...) A ADUA se propõe a lutar por uma universidade geradora de uma consciência crítica que se situe no centro dos problemas amazônicos”, afirma o documento.

 

Resgatando o ideário da Carta de Princípios apresentado no “nascimento da ADUA sob o signo da luta dos povos da floresta”, como afirmou Jacob Paiva, a entidade convidou Bruno Malheiro para o debate sobre e a partir da Amazônia. “Nós estamos construindo parcerias e novas conexões, e quando a gente se conecta, nós, amazônidas, juntos, conseguiremos uma interpretação consistente politicamente sobre a Amazônia, e uma ação a partir dela. Isso inaugura um novo momento.  A gente se coloca como referência; isso é importante de ser construído”, disse o docente da Unifesspa.

 

 

A música ficou a cargo da Grupo Fermata, composta pelo maestro Marcelo Bargas no teclado; Nilo Portela, violão e voz; Brenda Zane, vocal; Ely Rodrigues, na percussão; e Rosejane Farias, voz e percussão. Rosejane é professora da Faculdade de Educação (Faced) da Ufam e integrante do Conselho de Representantes das Unidades (Crad). “Participar do aniversário da ADUA foi motivo de alegria, satisfação e, sobretudo, de resistência e luta, nossos principais objetivos (...) minha participação como cantora foi impulsionada pelas músicas de protesto eternizadas nas nossas memórias e que nos lembram da importância do combate aos atos ditatoriais, também presentes na contemporaneidade”, comentou Rosejane.

 

As(os) convidadas(os) foram embaladas(os) por músicas de protesto, samba, xote, baião, bossa nova e música popular brasileira (MPB), incluindo aquelas produzidas na região amazônica.  Algumas das músicas da festa foram interpretadas por Malheiro que se juntou à banda e com voz e violão cantou canções como “Sabor Açaí”, “Olhando Belém” e “olho de boto”, do artista também paraense Nilson Chaves; “Pérola Azulada”, do amapaense Zé Miguel, e “Sujeito de sorte”, de Belchior.

 

 

O tema central do debate inspirou também a confecção do brinde de aniversário da ADUA: uma ecobag com os dizeres “Amazônia é indígena, cabocla, ribeirinha, quilombola. Somos Amazônidas – É preciso ‘amazoninar’ o Brasil!”. O material foi entregue como lembrança da festa dos 44 anos da ADUA aos(às) participantes da comemoração.

 

Mesa de debates

 

Malheiro fez em sua apresentação um alerta sobre o avanço feroz na região amazônica do que ele chama de um “capitalismo de guerra”, por basear-se numa necropolítica e necroeconomia. Em sua análise, o docente abordou a escolha dos últimos governos por uma economia focada nas commodities (soja, gado, petróleo, ferro etc.), em que a natureza é o principal negócio, os bens comuns são transformados em mercadoria e a Amazônia - como apresenta o docente - a “zona de sacrifício”.

 

 

O docente explica que o capitalismo de guerra é estruturado pelo domínio territorial, ou seja, o território é o centro da acumulação primitiva. Por isso, a luta de classes deve ser feita no e pelo território. “O centro das lutas anticapitalistas está nos territórios, a luta sindical precisa se associar às lutas por emancipação, nós temos um acúmulo de experiências de re-existência, o sindicato ainda não conseguiu se conectar com essas lutas, é preciso chegar próximo a quem resiste nos territórios”, afirmou o geógrafo.

 

A apresentação de Malheiro é baseada em seus últimos estudos registrados em dois livros “Horizontes amazônicos para repensar o Brasil e o mundo” (2021) e “Geografias do Bolsonarismo” (2023). A palestra completa foi transmitida pelo canal da ADUA no YouTube e pode ser assistida ou reassistida aqui.

 

Fotos: Sue Anne Cursino/Ascom ADUA

 

 



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