Data: 15/07/2015
Uma encenação com caixões que simbolizavam o fim de importantes programas para o ensino público de qualidade e zumbis que representaram professores que não aderiram ao movimento paredista foram alguns dos símbolos fúnebres do ‘Auto dos 30 Dias’, performance que marcou o primeiro mês de greve dos docentes da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
A encenação foi realizada pelo Comando Local Unificado de Greve (CLUG), formado pela Associação de Docentes da Ufam (ADUA) e Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Superior do Estado do Amazonas (Sintesam) com apoio de movimentos de estudantes como o ‘Movimente Ufam’, de oposição ao Diretório Central dos Estudantes (DCE), e Assembleia Nacional dos Estudantes - Livre (ANEL).
Membro do CLUG, o professor Albertino Carvalho contou que o Auto dos 30 Dias foi construído a partir de vários simbolismos. “O monumento em frente à universidade foi coberto de preto e roxo, cores fúnebres. Houve, ainda, caixões mostrando programas que já morreram na instituição [como o Pibid e Pectec]. Outro caixão enorme estava vazio e com um questionamento: esse é o destino que nós queremos para a Ufam? Claro que não”.
Havia, ainda, zumbis que representavam os professores que não aderiram à greve e continuam dando aula. “Eles estavam de crachás porque continuam dando aula e foram convertidos devido à clareza dos nossos argumentos. Ao final, lavamos o monumento com água e escovas para demonstrar que queremos uma instituição limpa, transparente e verdadeira. com ensino de qualidade”, disse.
Para o presidente da ADUA, José Alcimar de Oliveira, o ato político foi, também, artístico. “Nossa pauta envolve a autonomia universitária, reestruturação da nossa carreira, a valorização salarial e a manutenção do caráter público da universidade. Estamos marcando nossa posição diante da intransigência desse governo [federal] que tem atacado de forma permanente o direito fundamental do povo brasileiro: a educação pública e de qualidade. A defendemos como o mais importante patrimônio institucional do povo brasileiro”, destacou.
José Alcimar ressaltou que a Ufam estava parada antes da greve devido o sucateamento. “Não é a greve a culpada pela precarização das universidades. O que hoje ainda existe de público nessa universidade deve-se a luta que estamos dando continuidade”, disse.
Enquanto a educação pública sofre com a falta de verbas – que impossibilita a manutenção das atividades de ensino, pesquisa e extensão – os grandes grupos econômicos do setor de educação mantêm lucros exorbitantes.
Aluna do curso de direito, Débora Massulo, da ANEL, destacou que a luta dos professores e dos técnicos é também uma luta dos alunos: a defesa da educação pública de qualidade. “A educação pública tem sofrido vários ataques pelos cortes do governo federal. Vemos o número de bolsas ser reduzido e a estrutura da universidade está cada vez mais precária. E o uso das artes para dialogar abre a participação de mais pessoas no debate”, disse.
Fonte: ADUA |