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  26/01/2023



Universidades da Amazônia convocam voluntários para adesão à campanha "SOS Yanomami"



 

As universidades da Amazônia, entre elas a Universidade Federal do Amazonas (Ufam), convocam docentes, Técnicos(as)-Administrativos(as) em Educação (TAEs) e estudantes para atuarem na campanha humanitária do governo federal "SOS Yanomami". As instituições abrem o chamado de ajuda voluntária após recente divulgação da crise humanitária que o povo Yanomami vive em decorrência do garimpo ilegal, em Roraima.

 

O objetivo é formar uma equipe multidisciplinar entre as instituições da região para o atendimento nas frentes de atenção, cuidado e assistência alimentar e sanitária.

 

As informações dos(as) inscritos(as) e suas áreas de atuação serão repassadas pela Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) para as autoridades competentes do Executivo Federal. O cadastramento no "SOS Yanomami" pode ser feito aqui.

 

Vidas indígenas importam 

 

A população Yanomami é estimada em cerca de 30,4 mil pessoas, sendo 5 mil crianças, segundo Dados do Ministério da Saúde. Eles e elas vivem no maior território indígena do país, a Terra Indígena (TI) Yanomami, localizada no Norte do Brasil, entre os estados de Roraima e Amazonas.

 

Dados divulgados nas últimas semanas apontam que 570 crianças desse povo morreram nos últimos quatro anos por desnutrição e doenças que têm tratamento, como malária, tuberculose, disenteria e verminose.  

 

No dia 20 de janeiro foi decretado estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional (ESPIN) em decorrência de desassistência à população. Só na última semana, mais de mil indígenas foram resgatados em estado grave.

 

Em coletiva na terça-feira (24), o Ministério Público Federal em Roraima (MPF-RR) afirmou que o governo de Jair Bolsonaro tentou esconder a gravidade da crise de saúde na TI Yanomami.

 

As condições precárias vividas por este povo já vinham sendo denunciadas ao logo dos últimos e anos. A ADUA, representações indígenas e outras entidades se manifestaram no dia 10 de dezembro de 2021, em um ato público em defesa dos povos Yanomami, na Praça do Congresso, no Centro de Manaus, organizado pela Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI).

 

Agora, com maior repercussão, as imagens de indígenas em estado crítico de saúde estão sendo vistas por todo o mundo. Na opinião do presidente da Hutukara Associação Yanomami, Davi Kopenawa, “criança yanomami não tá morrendo de fome, tá morrendo de garimpo ilegal”.

 

O líder indígena avalia que campanhas de arrecadação de alimentos são importantes, mas não são as soluções definitiva para o problema. “Isso pode ajudar um pouco, mas não é efetiva para salvar a população Yanomami. O que vai ajudar é fazer a desintrução do garimpo ilegal, esse é o ponto mais importante para salvar o nosso povo. Depois colocar assistência de qualidade, remédio, profissionais com conhecimento em saúde indígena… Cesta básica não vai ajudar o meu povo”.

 

O governo federal, a sociedade civil e diversas entidades se unem para solucionar a situação de emergência vivida pelos Yanomami e se posicionam pela responsabilização da necropolítica do governo da extrema direita de Jair Bolsonaro.  

 

Em nota pública, o ANDES-SN se posicionou sobre a calamidade. No documento, o Sindicato Nacional ressalta que, durante os quatro anos do (des)governo Bolsonaro, foram registrados o aumento da invasão das TIs pelo garimpo ilegal; a negligência na pandemia, e a militarização e o desmonte dos órgãos que lidam com questões indígenas como Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).  

 

“O sistema que gera as invasões dos territórios indígenas é o mesmo que assassinou o indigenista Bruno Pereira e o jornalista Dom Philips, no Vale do Javari, em 05 de junho de 2022, dia consagrado ao meio ambiente. É preciso mais que comoção nacional. É preciso que o Estado brasileiro utilize suas instituições para investigar as atividades ilegais e predatórias nas terras indígenas, apurar as informações, julgar e punir os responsáveis pelos crimes contra os povos indígenas”, afirmou o ANDES-SN. 

 

 

Fontes: ADUA com informações do ANDES-SN, G1, Estadão, Correio do lavrado e Ufam

 

Foto: Sue Anne Cursino/ Ascom ADUA. Registro feito em 10.12.2021. 

 

 

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