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  23/09/2022



Escândalo no MEC: Empresário denuncia pedido de propina escondida em pneu



O ex-ministro da Educação, Milton Ribeiro, permitiu que pastores, Gilmar Santos e Arilton Moura, negociassem obras em escolas federais. É o que revelou o empresário do setor da construção civil e candidato a deputado estadual no Pará, Ailson Souto da Trindade, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo.

 

Segundo Trindade, a propina paga por prefeitos aos pastores para a facilitação da aprovação das verbas deveria ser entregue em dinheiro vivo. O montante viajou escondido na roda de uma caminhonete de Belém até Goiânia, cidade sede da igreja de pastores.

 

“Funcionou assim: o ministro fez uma reunião com todos os prefeitos (no prédio do MEC, dia 13 de janeiro de 2021). Depois houve o coquetel, num andar mais acima. Lá, a gente conversou, teve essa conversa com o ministro. Eu não sabia nem quem era o ministro. Ele se apresentou: ‘Eu sou Milton, o ministro da Educação, e o Gilmar já me passou o que ele propôs para você e eu preciso colocar a tua empresa para ganhar licitações, para facilitar as licitações. Em troca você ajuda a igreja. O pastor Gilmar vai conversar com você em relação a tudo isso”, relatou o empresário.

 

Segundo Trindade, a ideia era mascarar a propina com um contrato falso entre a igreja de Gilmar Santos e a empresa dele. “Eles falaram: ‘existe uma proposta para tu fazer isso (as obras)’. Aí eu disse: ‘que proposta?’. ‘Bom, a gente está precisando reformar umas igrejas e estamos precisando também construir alguns templos, no Maranhão, no Pará, e também outros lugares. Então estamos precisando de R$ 100 milhões para fazer isso’. Aí eu falei: ‘mas o que que eu vou ganhar em troca? Como é que vai acontecer? A igreja vai contratar minha empresa?’ ‘Não, a gente faz um contrato, entendeu? Faz o contrato com a empresa, a igreja contrata a tua empresa e eu consigo articular para tua empresa fazer as obras do governo federal”, contou.

 

Presidente

 

A denúncia do empresário traz novos elementos probatórios para o inquérito que apura a interferência do presidente da república, Jair Bolsonaro, nas investigações contra o ex-ministro da Educação.

 

A investigação sobre a suspeita de corrupção no MEC é alvo de um inquérito, que tramita de forma sigilosa no Supremo Tribunal Federal (STF), e apura a existência de um “gabinete paralelo” no ministério da Educação, que seria chefiado pelos pastores.

 

Gilmar Santos e Arilton Moura eram suspeitos de cobrar propina em dinheiro, compra de bíblias e até ouro em troca de liberar verbas do MEC e acesso ao então ministro Milton Ribeiro.

 

Fontes: Carta Capital, Yahoo e o Estado de São Paulo



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