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Mais do mesmo não é suficiente na educação, diz especialista



Reconhecida por ter desenvolvido e implantado o modelo pedagógico Escuela Nueva, a colombiana Vicky Colbert diz que os países da América Latina precisam, antes de pensar em investimento, mudar a maneira de ensinar.

Em entrevista ao UOL, Vicky defende que é preciso respeitar as necessidades de cada aluno e transformar a escola para que ela faça sentido para as famílias e para a comunidade.

"A América Latina tem melhorado em cobertura, mas não em qualidade [de ensino]. Investe-se muito, mas perde-se todo esse dinheiro, porque não mudam os métodos. Mais do mesmo não é suficiente. É preciso uma mudança de paradigma pedagógico, de transmissão de conhecimento para uma construção de conhecimento", afirma.


Colbert foi vice-ministra da Educação da Colômbia e a atuou como conselheira regional em Educação da Unicef para a América Latina e Caribe. Em 2013, ela ganhou Wise (World Innovation Summit for Education) Prize, uma premiação internacional da Fundação do Catar.

O modelo Escuela Nueva surgiu em meados da década de 1970 e foi implantado em escolas rurais e multisseriadas da Colômbia. O objetivo era tornar a aprendizagem mais efetiva e mudar os métodos utilizados por professores que precisavam atender a alunos de diferentes séries ao mesmo tempo.

"Em uma aula da Escuela Nueva, nem todo mundo está aprendendo o mesmo na mesma hora. Algumas crianças trabalham em duplas, outras individualmente ou em grupo, mas todos com os seus guias de aprendizagem, e o docente vai pelos distintos grupos. Uma aula na Escuela Nueva é como se aprende em Harvard ou Cingapura. É uma reforma pedagógica", diz Colbert.

O projeto foi escolhido em 2000 pelas Nações Unidas como uma das maiores realizações da Colômbia. A ideia já foi implantada em mais de 15 países.

O foco do modelo, diz Colbert, é mudar o papel do docente em sala de aula: de transmissor, ele passa a ser um orientador dos seus alunos. "Tivemos que aprender a capacitar, para compensar o que as faculdades de educação não fazem. Elas esperam que o docente faça a mudança, mas eles não foram capacitados da mesma maneira participativa. Eles têm toda a teoria, mas nunca vivenciaram isso", diz.

Escola e comunidade


Depois de implantado em escolas rurais, o método de aprendizagem passou a ser utilizado em unidades da periferia de grandes cidades. Nesses locais, ela diz que as mudanças pedagógicas diminuíram as taxas de evasão escolar porque aumentaram a participação da família e da comunidade nos assuntos tratados em sala de aula.

"Quando existe sentido no que você aprende, quando você está contente com a maneira de aprender, não vai embora da escola. Hoje em dia os alunos deixam a escola porque aquilo que aprendem não tem relação com o seu contexto", afirma.

"É um modelo provado, que garante qualidade e equidade. Digo que é a história da Cinderela, porque começamos com os mais pobres, mas hoje em dia é um exemplo para outros países. É pedagogia de ponta. As ideias não são novas, mas não chegavam aos mais pobres", afirma.

Fonte: UOL



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