Os trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) completaram 33 dias de greve nesta segunda-feira (10), quando a categoria realizou uma assembleia com cerca de 20 mil trabalhadores e, por unanimidade, manteve a paralisação.
O Sindicato (Sinticon de Itaboraí – filiado à CUT), que no início não apoiou o movimento, apresentou proposta sugerindo aos trabalhadores o fim da greve. Mas, a unidade dos operários e determinação em continuar a luta por seus direitos fez com que a categoria contrariasse a direção do Sindicato e votasse pela manutenção da paralisação.
As empresas, além de não apresentar novas propostas, mantêm os 7% de reajuste, não pagaram a Participação nos Lucros (PL) e nem o adiantamento de salário dos operários. A Petrobrás e o governo Dilma Rousseff assistem a tudo sem fazer nada; as empreiteiras conseguiram uma liminar, desde a semana passada, considerando a greve abusiva.
Reivindicações
Os trabalhadores exigem 15% de reajuste nos salários, aumento do valor do ticket alimentação, dos atuais R$ 300 para R$ 500, o pagamento diário de duas horas in tinere (tempo gasto no trajeto casa-trabalho-casa, nos ônibus contratados pelas construtoras) e a classificação dos ajudantes que exercem serviço de profissionais no canteiro há mais de seis meses (o que é desvio de função).
Além disso, a equiparação dos salários para profissionais de mesma função (há empresas que pagam salários diferenciados), a “folga de campo” (período para visitar as famílias em outras regiões) a cada 90 dias trabalhados, bem como o pagamento pelas empreiteiras das despesas com a viagem, pagamento de adicional 150% no valor das horas extras, entre outras demandas.
De acordo com o membro da CSP-Conlutas Atnágoras Lopes, a postura do Sindicato é considerada escandalosa. “Contrariando a disposição e garra da categoria, o Sindicato mente e diz para imprensa que o reajuste que os operários pedem é de 11, 5%; também divulga que a greve só começou dia 11 de fevereiro, e ainda rebaixa para R$ 460 o pedido de aumento do vale alimentação”, alerta o dirigente.
Na assembleia desta segunda (10), o Sindicato, juntamente com a Conticom-CUT (confederação nacional da categoria), tentou resgatar uma velha proposta do Ministério Público do Trabalho (MPT), de 9% de reajuste, e dividir os dias parados entre desconto e compensação. A proposta foi vaiada e rechaçada pela categoria.
Exemplo de luta
“A CSP-Conlutas está apoiando a greve desde o início. Uma comissão de cerca de 20 operários organiza, pela base, a resistência da greve e as exigências ao sindicato que a toda hora tentar acabar com o movimento. É preciso mais democracia e participação dos trabalhadores nas decisões sobre a mobilização”, ressalta Atnágoras.
A Central solicita que os sindicatos enviem moções, mensagens de solidariedade para a luta desses operários que estão seguindo o exemplo de seus companheiros de classe, os garis, e esperam conquistar a merecida vitória.
* Com edição do ANDES-SN
*Foto Sindipetro-RJ
Fonte: CSP-Conlutas |