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  19/07/2016 - por Opera Mundi



O que está acontecendo na Turquia? Por que os militares tentaram tomar o poder?



Após uma série de golpes militares reais no passado, o povo turco agora reage a qualquer sinal de intervenção militar com a mesma preocupação imediata de um paciente pós-câncer que descobre um pequeno nódulo

O que aconteceu? O que precisamos saber?


Na noite de 15 de julho, um grupo de soldados turcos assumiu o controle de várias instituições em Istambul e Ancara, no que parece ter sido uma tentativa de golpe mal planejada. As forças policiais – auxiliadas por um grande número de cidadãos ordinários turcos– conseguiram frustrar o golpe. Chamados às ruas pelo presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, enormes grupos de homens tomaram as ruas para impedir as unidades do exército de entrarem em prédios governamentais. O golpe foi declarado encerrado na manhã do dia 16 de julho.

Então, o povo turco apoia o presidente Erdogan?

Graças a uma longa história de golpes militares, o ódio do povo turco a intervenções militares é muito maior do que sua aversão ao seu líder autocrático. Turcos de todos os espectros políticos compartilham o mesmo sentimento de que até uma péssima democracia é melhor do que um governo militar.

Por que os militares tentaram tomar o poder?

A explicação muda de acordo com em quem você escolhe acreditar.

Uma declaração supostamente feita pelos militares alega que seu propósito era "reinstituir a ordem constitucional, a democracia, os direitos humanos e as liberdades”. Porém, o presidente Erdogan e sua rede midiática pró-governo bombardearam o povo turco com alegações de que o golpe foi obra de um grupo clandestino, que teria infiltrado todos os órgãos estatais, organizado por um clérigo muçulmano chamado Fethullah Gülen, que é aposentado e vive na Pensilvânia. Pouca evidência sólida dessa conspiração foi apresentada até o momento.

Gülen negou qualquer envolvimento. De fato, ele e outros grupos oposicionistas alegam que o golpe foi, na verdade, orquestrado por Erdogan como desculpa para subjugar a oposição política e definitivamente mudar o sistema governamental da Turquia para uma presidência executiva (o que, na prática, tornaria Erdogan um sultão moderno). Essa explicação também não é inteiramente convincente – a alegação de que Erdogan planejou um falso golpe contra seu próprio governo para extirpar a oposição de dentro do exército e do Supremo Tribunal é muito grande para se levar em conta.

O que o povo turco acha?

A Turquia está extremamente polarizada. Metade a população acredita em qualquer coisa que o presidente diga, enquanto a outra metade tende a acreditar no oposto. Posições a favor e contra o regime de Erdogan tornaram-se tão enraizadas que não há como convencer qualquer lado com evidência e lógica.

Erdogan é como quiabo: algumas pessoas o amam intensamente; para outras, ele é nojento. Ninguém na Turquia é imparcial quando se trata do presidente.

De onde vem essa divisão na opinião pública?


Clivagens sociais tradicionais na Turquia incluem religiosos contra laicos, turcos contra curdos e periferias pobres contra centros urbanos ricos. Junto com a Primavera Árabe e a investigação de corrupção de 2013, surgiu uma nova cisão: pró-Erdoganismo e anti-Erdoganismo.

O ponto culminante dessa separação ocorreu em maio de 2013. Erdogan queria demolir um parque da era republicana na praça Taksim de Istambul e reconstruir um quartel da era otomana, que também incluía uma mesquita. Apesar de a Praça Taksim ser um símbolo do kemalismo secular de esquerda, muitas pessoas religiosas juntaram-se ao que, depois, ficou conhecido como a Revolta do Parque Gezi para preservar o parque como ele é. Naquele momento, secularistas, kemalistas, curdos, alevitas e grupos religiosos – incluindo o Movimento Gülen – cristalizaram sua coalizão contra Erdogan.

Infelizmente, esse setor da sociedade turca só é capaz de concordar em sua oposição a Erdogan, e em nada mais. Portanto, eles não foram capazes de criar uma aliança política que pudesse diminuir o forte controle dele sobre o poder.

* Publicado no Adital no dia 19 de julho de 2016.

Data:
19/07/2016



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