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Reforma de Córdoba lembrada em congresso deixou forte legado para universidades



Data: 16/01/2018

O tema deste ano do Congresso do ANDES-SN lembra o centenário da Reforma de Córdoba, que abalou as estruturas da universidade da América Latina. Culminando com a escrita de um Manifesto, o movimento ocorrido na Argentina, em 1918, gerou as bases das universidades que existem hoje e deixou um legado marcante na educação do continente.

“Em defesa da educação pública e dos direitos da classe trabalhadora. 100 anos da Reforma Universitária de Córdoba” é o tema principal do 37º Congresso do Sindicato Nacional. O encontro irá ocorrer de 22 a 27 de janeiro, na Universidade do Estado da Bahia (Uneb), em Salvador (BA).

História

Reforma de Córdoba foi como ficou conhecido o episódio da ocupação de estudantes da Universidade de Córdoba, em junho de 1918, para depor o reitor conservador Antonio Nores e exigir a reforma na educação do continente. Após este ato, o Manifesto, que inicia com a frase "da juventude argentina de Córdoba aos homens livres da América", foi escrito e divulgado.

Entre as defesas dos estudantes argentinos desta época estavam a participação deles na gestão da universidade; o livre direito de cátedra dos docentes; o cumprimento do papel social da universidade com a extensão; eleições para os cargos de gestão; liberdade para assistir as aulas e autonomia da universidade.

A atitude dos estudantes levou a renúncia do reitor e a publicação de um decreto que respondia às reivindicações do movimento estudantil e democratizava as demais universidades do país.  O movimento “reformista” se espalhou por países do continente. Mesmo após quase cem anos da Reforma, suas bandeiras são base de movimentos que defendem a universidade pública latino-americana.

“Celebrar o aniversário da Reforma de Córdoba é importante porque desse movimento surge um projeto que podemos chamar de universidade latino-americana, uma universidade que tenta responder os problemas dos trabalhadores e da sociedade latino-americana. Foi um movimento anti-oligárquico, com protagonismo estudantil, que se confrontou com a estrutura arcaica da universidade – que estava dominada pela hierarquia da Igreja”, disse o 1º vice-presidente do ANDES-SN, Luis Eduardo Acosta.

Herança

Segundo o professor, os protestos e questionamentos das autoridades universitárias foram bem-sucedidos, e inauguraram elementos da universidade latino-americana. Entre esses elementos estão a defesa da autonomia universitária, a participação estudantil na gestão da universidade, a liberdade de cátedra e a extensão universitária. “São os estudantes que colocam a necessidade da universidade não ficar fechada, encastelada, mas que se abra para a sociedade. Esses seriam os traços da nossa universidade, a universidade latino-americana”, comenta.

Acosta lembra que o legado da Reforma foi continental, e que inclusive as universidades brasileiras trazem em sua organização algumas das mudanças que começaram em Córdoba. “O impacto entre a juventude do continente naquela época foi muito grande, e várias universidades foram se modificando por conta disso. Era o início do século 20, havia a emergência das classes médias, o impacto da Revolução Russa. A Reforma radicaliza a demanda, diz que a universidade deve estar a serviço dos trabalhadores e não ser um espaço da oligarquia”, afirma o 1º vice-presidente do ANDES-SN.

Lutas que persistem

Acosta comenta, também, que muitas das lutas de 1918 seguem atuais nas universidades. “A pauta da autonomia segue vigente. No Brasil, até hoje, não podemos escolher reitor de maneira direta, apenas por consulta que é encaminhada para o MEC [Ministério da Educação] decidir. A pauta da gestão é vigente com a participação dos estudantes e servidores. Hoje, ela existe, mas de maneira bastante limitada, já que nós, docentes, temos peso muito maior nessa gestão. A luta anti-oligárquica também segue atual. Hoje, a nossa oligarquia é financeira e não mais a velha oligarquia agrária. A oligarquia quer privatizar e mercantilizar a educação, ainda que talvez seja filha daquela oligarquia do século passado. A liberdade de cátedra está ameaçada atualmente, com todo esse movimento conservador da Escola Sem Partido, que quer policiar o pensamento livre, e os estudantes já, naquela época, em 1918, reivindicavam o direito a ouvir vozes diferentes”, disse.

O diretor também pontua que a extensão universitária é uma pauta contemporânea, ainda que haja compreensão diferente sobre a questão. De acordo com ele, naquela época, pensavam que a universidade deveria ir até a sociedade “iluminá-la” de conhecimento. Hoje, a visão é de um diálogo de saberes com as camadas populares, de que a universidade deve realizar uma troca de saberes. “É a defesa de uma universidade que não seja uma Torre de Marfim, que saiba que têm responsabilidades sociais”, afirma.

O professor conclui ressaltando que o pioneirismo dos estudantes de Córdoba serve como legado para as lutas em defesa da educação pública na atualidade. “O projeto embrionário de Córdoba nos faz pensar, quase cem anos depois, na necessidade da universidade se abrir para os trabalhadores, para os povos originários, que tenha a cor do nosso povo, mais enegrecida e mais feminina, e que possibilite que a população possa entrar, estudar e se formar. Muito do que foi levantado naquela oportunidade, levando em consideração que um século se passou e que o capitalismo mudou, ainda é uma proposta a ser realizada nas universidades do Brasil e da América Latina”, afirma.

Fonte:
InformANDES com edição da ADUA



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