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Greve Geral vitoriosa também foi marcada por forte repressão policial



Data: 03/05/17

O dia 28 de abril será lembrado nas próximas décadas pela amplitude da adesão à Greve Geral, que parou o Brasil contra as reformas da Previdência e Trabalhista, e também das grandes manifestações, que ocorreram em diversos estados do país. Na avaliação de Eblin Farage, presidente do ANDES-SN, o dia 28 foi uma grande conquista da classe trabalhadora. “A Greve Geral demonstrou que nós temos a capacidade de parar esse país, se construirmos ações unitárias. Demonstrou também que temos o desafio de dar continuidade à ações contundentes e coletivas contra as retiradas de direito em curso”, avaliou.

No entanto, não foram apenas a expressividade do movimento grevista e a força de mobilização dos trabalhadores que se destacaram na última sexta-feira. Infelizmente, a violência e repressão praticadas pelas forças policiais também marcaram a data. Protestos realizados nessa segunda, 1 de Maio, Dia Internacional dos Trabalhadores, também foram reprimidos.

A presidente do ANDES-SN ressalta que, sem grandes surpresas, a polícia mais uma vez agiu como braço armado do Estado, de forma violenta, de acordo com seu histórico de ação, com o intuito de ferir manifestantes para impor medo àqueles que estão nas ruas lutando, legitimamente, por seus direitos. “Infelizmente, a polícia age como braço armado do Estado, cumprindo seu papel repressor, com truculência. Nosso papel é repudiar a ação da polícia e de quem a ordena - o Estado e os governos que impõem esse ritmo opressor. Em todas as manifestações, fica evidente uma perseguição aos movimentos”, reforçou. 

“No caso do Rio de Janeiro, a polícia teve o objetivo explícito de não deixar as pessoas chegarem ao ato, que foi dispersado na concentração. Foi um absurdo total, pois o Rio de Janeiro estava parado desde as 4 da manhã, eles não queriam deixar que as pessoas se juntassem. A violência explícita no caso do Mateus, estudante da UFG, em quem, com um cassetete, o policial provocou afundamento craniano, deixando-o entre a vida e a morte. Isso é algo impensável. Um aspecto é que todas as pessoas foram feridas em lugares, que demonstram que o objetivo, de fato, da polícia é machucar os manifestantes", afirmou .

“Em relação aos ativistas do MTST, a prisão configura a arbitrariedade da ação policial e da justiça. Uma das acusações é causa de incêndio, sendo que não havia fogo no local onde eles estavam. Arbitrariedade em cima de arbitrariedade”, completou, lembrando que o ANDES-SN já tem deliberação congressual, desde 2015, de atuar em conjunto com outros movimentos sociais e sindicais pela desmilitarização da polícia.

MTST

Em São Paulo, a polícia militar reprimiu com bombas de gás, jatos d’água e spray de pimenta o ato que saiu do Largo do Batata rumo à residência do presidente Michel Temer. Além da repressão à manifestação, em outro ato três militantes do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), que participaram o ato do dia 28 contra as reformas da Previdência e Trabalhista, foram presos - sem provas, apenas a partir do testemunho de policias militares -, acusados de cometer incêndio criminoso, explosão e incitação ao crime. No dia 30 de abril, a juíza Marcela Filus Coelho rejeitou o pedido dos advogados do movimento, e manteve os militantes detidos em "nome da ordem pública". Desde então, Juraci Alves dos Santos, Luciano Antonio Firmino e Ricardo Rodrigues dos Santos estão presos. Na manhã dessa terça-feira (2), Juracy, Luciano e Ricardo, foram encaminhados para o Centro de Detenção Provisória Vila Independência, na Vila Prudente. O MTST realizou também na manhã dessa terça um protesto em frente ao 63º Distrito Policial de São Paulo, na Zona Leste da capital, onde os três manifestantes estavam detidos.

Em nota, o MTST criticou as prisões, afirmando não haver provas contra os manifestantes, além do relato dos policiais militares que os prenderam. O movimento também disse que as prisões configuram uma "tentativa de se criminalizar os movimentos sociais no país". Segundo o MTST, os três são os únicos dos 39 manifestantes detidos em todo o estado paulista que permanecem presos.

Goiás

Em Goiânia (GO), a violência contra o estudante Mateus Ferreira da Silva, de 33 anos, chocou o país. Imagens do estudante sendo covardemente agredido por um policial militar circularam nas redes sociais. O estudante segue hospitalizado, com sua saúde em risco. No dia seguinte a agressão, a Ordem dos Advogados do Brasil – Seção Goiás (OAB-GO) publicou uma nota em  repúdio aos atos de violência policial praticados contra o estudante Mateus Ferreira da Silva, durante manifestação contra as reformas trabalhista e previdenciária no dia 28 de abril de 2017 no centro de Goiânia. “A violência policial acaba por invalidar o sistema democrático constitucional e impede a plena e a livre convivência social. Atropela a promessa da cidadania, causando sérios danos no seio da sociedade”, diz a nota.

A Universidade Federal de Goiás (UFG), onde o estudante cursa Ciências Sociais, soltou uma nota repudiando a violência sofrida por Mateus. “A UFG reitera que defende a legitimidade de manifestações pacíficas como um direito irrestrito de toda a população e, sobretudo, da comunidade universitária, na luta por uma sociedade mais justa e democrática”, diz um trecho.

Nota divulgada pelo Hospital de Urgência de Goiás (HUGO), às 11h41 dessa terça (2), informa que “que Mateus Ferreira da Silva, nascido em 6 de abril de 1984, está evoluindo com melhora clínica, estável na parte respiratória e com pressão normal. [...] Neste momento, paciente encontra-se em estado estável, porém ainda grave, intubado e permanece internado em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Mateus Ferreira não corre risco de morte. Paciente deu entrada no Hugo dia 28 de abril e foi submetido a uma única cirurgia no último sábado, 29 de abril, com as equipes da Neurocirurgia e Maxilofacial.”

 Rio de Janeiro

No Rio de Janeiro, milhares de pessoas foram às ruas no dia 28 de abril para protestar contra reformas do governo. Manifestantes foram atacados por brutal repressão da polícia militar, no centro da capital fluminense. A ação violenta da PM dispersou manifestantes e instalou clima de terror no centro do Rio.  Na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj), milhares de pessoas se concentraram para sair em passeata até a Candelária e, depois, caminhar até a Cinelândia, onde aconteceria o ato unificado das centrais sindicais. Os trabalhadores e estudantes que estavam na Alerj mal começaram a se deslocar, rumo à Candelária, quando as primeiras bombas foram lançadas pela PM nas costas dos manifestantes. Mais à frente, quando a multidão já entrava na av. Rio Branco, a Tropa de Choque outra vez investiu de forma generalizada contra os manifestantes. Houve correria. Muita gente passou mal ao inalar o gás lacrimogêneo.

Por fim, quando o ato unificado acontecia na Cinelândia, reunindo dezenas de milhares de pessoas, a PM outra vez avançou contra os manifestantes – apesar da fala dos organizadores da atividade que, do palco montado na Cinelândia, apelavam pelo fim da violência. Bombas também foram lançadas contra os carros de som e contra o palco forçando a dispersão.

Mesmo com toda repressão, a PM não conseguiu impedir gritos de “Fora Temer” e de resistência no maior ato contra as reformas já realizado no Rio de Janeiro. O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro anunciou, no dia seguinte (29), que irá apurar os atos de violência praticados em manifestação no Centro do Rio.

 ANDES-SN repudia violência

A diretoria do ANDES-SN divulgou nota repudiando a violência policial e todas e quaisquer formas de repressão às manifestações do dia 28 de abril. Além da repressão ocorrida nesta data, o Sindicato Nacional criticou a condenação de Rafael Braga, morador de rua que foi preso nas jornadas de junho de 2013 como símbolo da reafirmação do caráter racista e do preconceito de classe do poder judiciário brasileiro.

“Estes atos revelam a truculência, a arbitrariedade e o caráter autoritário deste governo ilegítimo, que intensificou a escalada da violência e da criminalização contra os movimentos sociais que já estava em curso nos últimos anos no país”, diz um trecho da nota. Veja aqui a íntegra do documento.

Fotos:

 - Sequência de imagens mostra o estudante Mateus Ferreria sendo brutalmente atingido pelo PM. Crédito: arquivo pessoal / Luiz Luz

- Policiais atacam manifestação no Rio de Janeiro. Crédito: Luiz Fernando Nabuco / Aduff SSind.


Fonte: ANDES-SN



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