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Docentes denunciam precarização e falta de apoio às pesquisas na Ufac



Laboratórios sem infraestrutura e espaço adequado, equipamentos insuficientes e obsoletos, má conservação, falta de investimento nas áreas de pesquisa da Universidade Federal do Acre (Ufac). Estes são apenas alguns dos problemas denunciados pelos docentes da universidade, que resultam em graves prejuízos na formação dos estudantes e no desenvolvimento da atividade docente.

A precarização do trabalho docente na Ufac foi revelada pelo Jornal da Adufac - Associação dos Docentes da Ufac -, Seção Sindical do ANDES-SN, publicado em julho deste ano, a partir da divulgação de uma série de depoimentos que mostram a realidade da universidade. De acordo com os docentes, não há apoio da Ufac para a realização de atividades de pesquisa e extensão, que favorece apenas o ensino. Os professores afirmam ainda que a universidade prioriza a estética, deixando de investir nas áreas de conhecimento da instituição.

Faltam equipamentos e materiais para os laboratórios de Biologia, onde são realizadas disciplinas de vários cursos. Em algumas situações, os próprios docentes compram materiais para as aulas. Dos três laboratórios, apenas dois estão com o ar condicionado funcionando. Apesar de os cursos terem em média 40 alunos, o laboratório só atende 25 por vez, por questões de segurança. Das 20 lupas existentes, só duas funcionam, e dos 20 microscópios, metade estão quebrados.

“Devido à falta de espaço e a situação precária dos laboratórios, os professores precisam ficar disputando o local para ministrar aulas prática de sua disciplina”, conta o professor de bioquímica do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza, Rogério de Freitas Lacerda. Ainda segundo o docente, por conta dos problemas, há professores que optam por trabalhar apenas a teoria, o que resulta em prejuízos para os estudantes, para a disciplina ministrada e para a universidade.

A falta de estrutura e conservação dos espaços da Unifac também está presente na Fazenda Experimental Catuaba e na Reserva Florestal Humaitá, duas áreas florestais que estão sob a responsabilidade da universidade, e são importantes espaços para a pesquisa. Entre os principais problemas relatados pelos docentes, estão a dificuldade de acesso, falta de segurança e manutenção dos alojamentos, que estão abandonados.

A professora Thaline de Freitas Brito, pesquisadora do Programa de Pesquisa em Biodiversidade Núcleo Acre da Ufac, conta que a Fazenda Catuaba já foi várias vezes invadida e teve o alojamento arrombado, o que dificulta a hospedagem dos estudantes que fazem pesquisas de campo.

Outro alojamento, construído nos fundos da área, está com a madeira tomada de cupins, e nunca foi inaugurado. A Reserva Florestal Humaitá sofre com problemas semelhantes. “A área conta com um alojamento em condições sofríveis e, a exemplo da Fazenda Experimental, também não possui seguranças”, acrescenta a pesquisadora, que revela ainda que a falta de vigias representa um risco de invasão à área e ameaças à fauna e flora existentes.

Os professores do curso de Engenharia Florestal da Ufac também enfrentam problemas pela falta de estrutura e materiais, com laboratórios inadequados às necessidades das aulas práticas, equipamentos obsoletos, e contam que alunos e docentes estão desmotivados por conta de toda a situação. “Quando se trata de reagentes dos meios de cultura e outros materiais de consumo para os laboratórios, a situação ainda é pior, pois temos que pedir na forma de doação para os parceiros ou compramos do próprio bolso. Esta situação chega a ser humilhante, pois, quando solicitamos a aquisição para a universidade, não somos atendidos. Há pedidos feitos há cinco anos e sem nenhuma resposta”, exemplifica o professor Nei Braga Gomes.

Para o professor do curso de Engenharia Florestal, Marco Antonio Amaro, a Direção da Unifac precisa compreender o que é atividade fim e atividade meio no trabalho dos docentes. “A burocracia tem sido supervalorizada em detrimento do ensino, da pesquisa e da extensão, e isso fica claramente demonstrado na dificuldade em se conseguir um transporte para facilitar o trabalho de campo com os estudantes, a dificuldade em se conseguir equipamentos para os laboratórios (...) enquanto a burocracia estiver acima da produção de conhecimento, nós teremos dificuldades”, diz.

“Melhorar a situação da universidade não é somente melhorar a sua parte estética, não é só cuidar do seu embelezamento. Nossa atividade fim é a construção do conhecimento, isso deve estar claro, então a universidade precisa investir na sua atividade fim, porém não é isso que tem acontecido prioritariamente na Ufac, basta olhar nossos laboratórios”, complementa o professor Carlos Eduardo Garção de Carvalho.

Ele afirma que a universidade está repleta de laboratórios antigos e saletas utilizadas para se trabalhar a pesquisa, e revela que equipamentos já foram perdidos por conta de instalações elétricas que não adequadas, além de problemas com estrutura, vazamentos, rachaduras e segurança nos laboratórios. “Por falta de condições, alguns cursos estão discutindo até tirar a parte prática da química na reformulação de seus projetos político-pedagógicos, ou seja, está acontecendo uma inversão de valores”, diz.

Ufac desprestigia docentes na 6ª Reunião da SBPC

A realização da 66ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) na Universidade Federal do Acre (Ufac), entre os dias 22 e 27 de julho deste ano, deveria ter sido motivo de comemoração para os docentes da universidade, mas se transformou em frustração, por não terem tido suas atividades incluídas na programação do evento.

O coordenador do laboratório de Ornitologia do Centro de Ciências Biológicas e da Natureza da Ufac, Edson Guilherme, conta que o maior laboratório da universidade – de Palenteologia – não foi inserido na programação do evento. Para o professor, a Reunião da SBPC seria uma oportunidade de mostrar aos visitantes o que a universidade está pesquisando. “Mas aqui acontece o contrário, pegamos o nosso maior laboratório, aquele que tudo que é turista que vem ao Acre fica curioso para conhecer, pois é lá que estão os fósseis de animais pré-históricos gigantes, tais como: o maior jacaré do mundo (Purussaurus), a preguiça gigante, o maior jabuti do mundo, e dizemos que a programação está fechada e que ele não é necessário”, conta Guilherme, que acrescenta: “o mais estranho é que o reitor vai à mídia e diz que a universidade está em festa, que os coordenadores dos laboratórios estão felizes, que a pesquisa vai dar um salto após a SBPC, que o Acre é uma área de maior biodiversidade do planeta, mas não apoia e nem pretende mostrar as pesquisas feitas dentro da própria instituição”.

De acordo com o professor, os coordenadores não foram chamados nem para apresentar banners ao lado dos laboratórios durante a realização do evento. “É triste ver que um laboratório como o de Paleontologia, que há 30 anos produz ciência no Acre, não é priorizado em um encontro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência”, desabafa.

Mas o descaso em relação à pesquisa na universidade não se restringe a estas questões, de acordo com o professor. Ele conta que, em 2011, uma equipe elaborou um projeto de ampliação do bloco de Laboratórios do Mestrado em Ecologia e Manejo de Recursos Naturais (Meco), que contemplava os laboratórios de Entemologia e de Ornitonologia. “Este projeto foi aprovado pela Finep no edital Proinfra/2011. Os recursos foram da cifra de R$ 1.605.003; o problema foi que o dinheiro foi liberado, mas a Ufac não executou, por problemas que eu desconheço”. Guilherme afirma ter encaminhado, há dois meses, um documento para o reitor solicitando informações, mas que até o momento não recebeu nenhuma resposta. “A Ufac não conseguiu executar o projeto de construção e nós estamos sem laboratório por problemas que advêm da própria administração da instituição”, diz.

Sobre a realização da Reunião da SBPC na universidade, Guilherme afirma: “o que vai parecer para as pessoas que vierem ao Acre participar da SBPC é que temos uma universidade linda, eu também concordo, mas isso porque irão observar apenas a parte estética da Ufac. Agora, se eles perguntarem sobre a situação da pesquisa na instituição, ficarão decepcionados”.

* Edição ANDES-SN

Fonte: Jornal Adufac



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