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Professora da USP denuncia dono de restaurante por racismo e machismo



Adriana Alves, geóloga e professora da USP, alega ter sido vítima de racismo e machismo no Dueto Bar, no dia 8 de agosto. De acordo com o site Mundo Negro, a professora saiu para comemorar seu aniversário com os amigos no restaurante próximo à USP, no Butantã. Porém, a aniversariante teve de deixar o local por sofrer agressões verbais do proprietário.

“É um bar frequentado principalmente por pós-graduandos e professores da USP. Era meu bar predileto, ia lá quase semanalmente há quatro anos”, contou Adriana ao Mundo Negro.

Durante a noite de comemoração, a professora foi para a calçada do restaurante fumar e conversar com os amigos, quando pela primeira vez o proprietário holandês chamado Peter juntou-se para conversar.

Adriana relatou que Peter tentou se aproximar:. “Ele começou perguntando se meus dentes eram verdadeiros, por serem muito brancos, eu dei uma risada e respondi que sim. Tentamos mudar o assunto da conversa, quando ele me perguntou se eu gostaria de tomar café da manhã com ele no dia seguinte”. Peter, no entanto, é casado e quando a professora o questionou sobre sua esposa, ele respondeu “que ela não tinha nada com aquilo”. Para se afastar dele, Adriana foi ao banheiro, mas, quando voltou, foi questionada novamente, dessa vez sobre sua depilação.

Para dar um fim no constrangimento, a aniversariante falou que não tinha pelos. Então o proprietário do bar disse: “Aposto que tem e os de lá de baixo devem ser duros como os da sua cabeça”. Os colegas de Adriana presentes no restaurante não se deram conta do assédio, então Peter ainda perguntou “qual era a última vez que ela tinha gozado gostoso” antes da professora ir embora.

Denúncia

“Cheguei em casa e desatei a chorar. Pensei, sim, que a motivação dele foi racial. Há várias reclamações no site do restaurante, mas todas por grosseria. Então ele se achou no direito de falar daquela forma comigo, é porque sou negra e sabemos muito bem como a mulher negra figura no imaginário brasileiro”, desabafou Adriana ao Mundo Negro. Após o episódio, a geóloga entrou em contato com a Delegacia de Defesa da Mulher.

Na primeira tentativa de instaurar inquérito, o caso foi recusado por se tratar de crime de racismo, que deveria ser investigado por uma delegacia comum. Apenas no dia 14 de novembro a professora conseguiu fazer um boletim de ocorrência na 3ª Delegacia de Defesa da Mulher. “O dono do restaurante não apenas a assediou, mas fez uma associação relativa ao cabelo dela, que tem obviamente uma conotação preconceituosa”, explicou Daniel Oliveira, do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (CEERT), ao site.

Foto: Reprodução


Fonte: Brasil de Fato



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