Lançado no último dia 12 de abril, em Manaus, o plebiscito contra a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) colheu 1.125 votos, segundo apuração da comissão organizadora da coleta, realizada nas unidades acadêmicas da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), nas dependências da Universidade do Estado do Amazonas e ainda no Centro da capital. A coleta de votos encerrou na sexta-feira (19).
Do número total de votos computados, 1.087 (96,6%) foram contra a implantação da Empresa Brasileira e o consequente enfraquecimento do serviço de saúde pública federal. Apenas 37 (3,2%) pessoas mostraram-se favoráveis à privatização do Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e uma votou branco e/ou nulo.
Para o presidente da Adua, José Belizario, o resultado da apuração é bastante significativo levando em consideração o quase esvaziamento da Ufam durante o plebiscito, devido o término de período letivo. “Durante a coleta dos votos, a maior parte dos professores e alunos estavam em sala de aula. Somado a isso, enfrentamos também a falta de efetivo para garantir o revezamento nas urnas”, afirmou.
A comunidade acadêmica, os usuários do SUS e a sociedade em geral tiveram a oportunidade de manifestar a opinião nas urnas fixas dispostas na sede do HUGV, na Faculdade de Ciências Agrárias (Setor Sul do Campus Universitário) e no Instituto de Ciências Humanas e Letras (Setor Norte), durante sete dias.
Organizado pela Associação dos Docentes da Ufam (Adua) e pelo Sindicato dos Trabalhadores do Ensino Superior do Estado do Amazonas (Sintesam), o plebiscito contou com o apoio de estudantes da instituição, da Central Sindical Popular (CSP-Conlutas), do Movimento Luta Popular (MLP) e dos movimentos de oposição à direção do Sinteam e dos Correios.
Apesar das iniciativas das entidades em debater a questão, como a mesa redonda “Saúde Pública, Universidade e Ebserh: Questões Políticas e Legais”, promovida pela Adua em outubro do ano passado, faltou mais empenho institucional na discussão do assunto, na avaliação do estudante Ítalo Siqueira, integrante do Coletivo Tucandeira, movimento parceiro na realização do plebiscito.
“O Conselho Universitário aprovou à adesão da Ufam à Ebersh, mas não convocou a comunidade universitária para debater o assunto, nem realizou uma consulta mais ampla sobre o tema. A decisão foi tomada de ‘cima para baixo’, sem ouvir a academia. Dessa forma, a comunidade fica cada vez mais ausente da vida política da Universidade, sem participação efetiva”, afirmou Siqueira, acrescentando que o coletivo aderiu ao movimento nacional por entender que a implantação local da Ebserh pode resultar em precarização das condições de trabalho no HUGV.
Pressão Nacional
O plebiscito ocorreu nacionalmente desde o dia 2 de abril, liderado pelo Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes-SN), Federação de Trabalhadores em Educação das Universidades Brasileiras (Fasubra), Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (Denem) e pela Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde.
De acordo com presidente da Adua, os votos recolhidos em Manaus serão somados aos de todos os estados do país e entregue ao Ministério da Educação (MEC) durante a Marcha dos Servidores Públicos no dia próximo dia 24, em Brasília.
“O resultado do pleito será entregue ao MEC para pressionar o Governo Federal e corroborar todas as intervenções que o Andes-SN tem feito junto ao governo. Intervenções essas como a solicitação da Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin) contra a criação da Ebserh, politicamente e juridicamente imoral”, disse Belizario.
Fonte: Adua |