Em meio ao colapso do sistema de saúde, o Amazonas realizou, nesta segunda-feira (18/01), a vacinação contra Covid-19 da primeira pessoa: a técnica em enfermagem e indígena Vanda Ortega. Do povo witoto e nascida em comunidade ribeirinha de Amaturá (AM), a profissional de saúde de 33 anos garantiu suporte a sua comunidade composta por 700 famílias, durante a pandemia. As primeiras doses da vacina chegaram no início da noite desta segunda ao Estado.
“Viva os povos indígenas desse país. Que todos os indígenas sejam vacinados. Esse momento representa muito para o meu povo Witoto e para os 63 povos indígenas do estado do Amazonas. Esse estado, que tem a maior população indígena do Brasil, precisa ser cuidado”, disse Vanda que estava com uma vestimenta cerimonial de seu povo.
Colapso
Com mais de 232 mil casos e 6,3 mil mortes, o Amazonas vive um caos no sistema de saúde com hospitais lotados, falta de leitos e insuficiência de oxigênio. Com a situação fora de controle, o Estado tem enviado pacientes para receber atendimento em outras regiões do país. O transporte dos doentes é feito em aeronaves adaptadas da Força Aérea Brasileira (FAB).
Em um mês, os enterros em Manaus cresceram 193%. No dia 6 de dezembro, por exemplo, foram registrados 31 enterros na capital, número que subiu para 91 no dia 5 de janeiro. Na quarta-feira passada, foram 110 mortes por covid-19 entre as causas de óbitos no total de sepultamentos nos cemitérios de Manaus, superando a marca das cem mortes por coronavírus registrada em maio do ano passado.
No dia 13 de janeiro, a ADUA lançou uma nota pública denunciando que a situação no Estado foi agravada pela omissão e falta de compromisso político dos governantes. No documento, o sindicato denuncia "a gravíssima omissão institucional das autoridades no âmbito federal, estadual e municipal que, mesmo dispondo de meios e poder, negligenciam, de forma criminosa e injustificável, sua obrigação de garantir à população o direito constitucional à saúde e integridade da vida".
Dois dias depois, o Amazonas viveu o caos com pacientes morrendo nos hospitais por falta de oxigênio. Em nota, o ANDES-SN se manifestou sobre a situação de calamidade. "É importante ressaltar que todo o sofrimento que o povo amazonense vem vivenciando, sobretudo as famílias de menor poder aquisitivo e as populações indígenas e ribeirinhas, com um alto índice de contaminações, internações e mortes, chegando ao cúmulo do esgotamento do estoque de oxigênio nos hospitais do estado (insumo vital para o tratamento contra a doença), têm responsáveis diretos: a necropolítica negacionista, desarticulada, incompetente e criminosa do Governo Federal, chefiada pelo atual presidente da República, o genocida Jair Messias Bolsonaro. O pior mandatário da história do Brasil, na pior crise sanitária dos últimos 100 anos".
Foto: Junio Matos/Reprodução
Fontes: G1 Amazonas e UOL com edição da ADUA
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