A ADUA e mais nove entidades assinaram o manifesto “Pelo fim da violência contra a mulher indígena”, da Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI) e do Fórum de Educação Escolar e Saúde Indígena do Amazonas (FOREEIA). O documento foi divulgado nesta quarta-feira (25), no Dia Internacional de Combate à Violência contra a Mulher.
No manifesto, as entidades lembram que “racismo e discriminação são marcas históricas na relação da sociedade ocidental com os povos indígenas e, particularmente, na relação com mulheres e crianças. Trata-se de uma história cujas páginas envolvem atos de exploração sexual, violação, estupro e mortes em uma série de eventos nos processos de contatos e da invasão dos territórios indígenas desde à “conquista” da América à atualidade”. Leia o documento completo:
Pelo fim da violência contra a mulher indígena
A Frente Amazônica de Mobilização em Defesa dos Direitos Indígenas (FAMDDI) e o Fórum de Educação Escolar e Saúde Indígena do Amazonas (FOREEIA), neste 25 de novembro – Dia Internacional pela Eliminação da Violência contra a Mulher – solidarizam-se com a mulher indígena do Amazonas, da Amazônia e do Brasil, submetida, pelo estado brasileiro e parcela da sociedade nacional, a diferentes modos cotidianos de violência de marginalização e ao não respeito aos direitos fundamentais consagrados pela Constituição Federal.
Racismo e discriminação são marcas históricas na relação da sociedade ocidental com os povos indígenas e, particularmente, na relação com mulheres e crianças. Trata-se de uma história cujas páginas envolvem atos de exploração sexual, violação, estupro e mortes em uma série de eventos nos processos de contatos e da invasão dos territórios indígenas desde à “conquista” da América à atualidade, nos subcontratos e ou informalidade na prestação de serviços domésticos nos centros urbanos que, em geral, ignoram direitos trabalhistas e as submetem a regime de trabalho semelhante ao do escravismo.
Sem atenção adequada à saúde, à moradia e ao transporte, mulheres indígenas enfrentam o descaso governamental, a crescente precarização das políticas públicas destinadas a elas, às crianças, aos idosos e aos povos indígenas; o acesso à educação básica ou outras oportunidades de estudos são reduzidas; enfrentam as drásticas consequências da pandemia da Covid-19 em suas vidas e das comunidades; os efeitos emocionais que a violência estrutural e social produzem em seus corpos, em sua existência.
Respondem com resiliência, tecem redes solidárias; posicionam-se em defesa das culturas indígenas , produzem vivências culturais libertárias, reafirmam as identidades e a disposição de seguirem marcha, criam alianças em favor da vida com dignidade e respeito ao pluriétnico que as situam no mundo.
Nosso reconhecimento e nossa gratidão pela resistência que fazem as mulheres indígenas do Brasil pela sustentação estratégica que realizam na preservação e na continuidade das lutas dos povos indígenas.
A FAMDDI e o FORREIA, frutos dos fios da fibra indígena, reafirmam neste 25 de novembro, o compromisso de caminhar junto às mulheres indígenas, dos coletivos que as representam e ser parceiros no ecoar das vozes, das denúncias e na celebração das conquistas; permanecerão marchando com as mulheres indígenas nas lutas pela construção de um Brasil, de uma Amazônia e de um Amazonas onde o RESPEITO aos povos indígenas se concretize de fato nas ações governamentais, no estabelecimento de programas que assegurem às mulheres indígenas e aqueles por elas representados tratamento digno, valorização dos seus conhecimentos, dos saberes e das formas de vida por esses povos preconizadas.
Vidas de mulheres indígenas importam!
Este manifesto é assinado por:
Associação das Mulheres Indígenas do Rio Negro (AMARN)
Associação dos Docentes da Universidade Federal do Amazonas (ADUA)
Conselho Indigenista Missionário (Cimi Norte I)
Fórumde Mulheres Afro-Ameríndias e Caribenhas(FMAC)
Mandato Popular –Dep.José Ricardo(PT-AM)
Movimento de Mulheres Solidárias do Amazonas –MUSAS
Rede de Mulheres Makira –Eta
Serviço de Ação, Reflexão e Educação Sociambiental na Amazônia (SARES)
Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Amazonas (SJP-AM)
Serviço e Cooperação com o Povo Yanomami (Secoya)
Foto: Tiago Miotto/CIMI/Reprodução
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