O assassinato de João Alberto Silveira Freitas, trabalhador negro de 40 anos, na loja do Carrefour, de Passo d´Areia, em Porto Alegre (RS), provocou uma série de protestos no fim de semana. Os atos exigiram justiça e o fim do racismo. Na véspera do Dia da Consciência Negra (20 de novembro), João foi espancado por um segurança da rede de supermercados e um policial.
Foram registrados atos em cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, São José dos Campos, Santos e São Carlos. Novas manifestações estão marcadas. Nesta segunda-feira (23), por exemplo, tem ato marcado em Belford Roxo (RJ), e em Goiânia, em frente à unidade do Carrefour Sudoeste.
Nos atos, manifestantes erguiam cartazes com inscrições como “Vidas Negras Importam”, “A carne mais barata no Carrefour é a carne negra”, “Basta de Racismo”, “Parem de nos matar”, entre outras. Em algumas cidades, os manifestantes ocuparam os supermercados.
O integrante do Movimento Quilombo Raça e Classe do Rio de Janeiro, Júlio Condaque, declarou: “estamos vendo vários atos espontâneos, pois ninguém aguenta mais esse racismo que mata o povo negro todos os dias. É o racismo estrutural existente nesta sociedade capitalista, que é agravado por um governo como de Bolsonaro e Mourão, que estimula o preconceito, o ódio e a intolerância, e que leva a fatos como esse”, disse, acrescentando “há novos atos marcados e essa luta precisa continuar. Nas ruas é que podemos enfrentar o racismo, o machismo e todos os ataques que governos e poderosos estão impondo a negros e negras, mulheres, LGBTs e toda a classe trabalhadora em geral”.
Negação do racismo
O presidente da república e o vice, Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão, deram declarações, neste fim semana, minimizando a gravidade do assassinato e negaram a existência de racismo no país.
Em post nas redes sociais e declaração durante a reunião do G20, sem mencionar a morte de João Alberto ou se solidarizar com a família, Bolsonaro disse que é “daltônico”, pois não vê cor de pele, e que pessoas é que tentam criar tensões raciais no país. Já Mourão afirmou que no Brasil não há racismo.
Outros casos
As imagens do brutal assassinato de João Alberto se espalharam pelas redes sociais ainda na noite de quinta-feira (19), revelando o racismo estrutural existente na sociedade e a violência racista imposta à população negra.
O caso não é o primeiro no Carrefour. Em 2009, um dos funcionários de uma loja da rede em Osasco (SP) espancaram outro homem negro, Januário Alves Santana, pela suspeita de tentar roubar um carro, que era do próprio Januário.
Neste ano, um promotor de vendas morreu dentro do supermercado em Recife (PE), em agosto deste ano, e teve o corpo escondido sob um guarda sol para não ser preciso fechar a loja.
Fonte: CSP-Conlutas
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